Loja sinônimo de brinquedos nos EUA tenta se reinventar

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Toys "R" Us tenta achar uma saída para fuga de excutivos, vendas em queda e uma dívida de US$ 5,2 bilhões

 

Há quase dois anos, a Toys "R" Us espera o momento certo para voltar a colocar suas ações em bolsa. Esse momento pode estar passando. A companhia sofre com uma leva de demissões de executivos de alto escalão, queda nas vendas e uma concorrência cada vez mais implacável.

 

Com mais de 1,5 mil lojas em todo mundo, a Toys "R" Us faz parte de um grupo de grandes (e antigas) varejistas que tentam reformular seus negócios para entrar numa nova era. A Sears, por exemplo, vem procurando reverter a queda nas vendas com ofertas customizadas para os clientes. A Best Buy está abrindo lojas menores.

 

A Toys "R" Us, última das grandes redes de brinquedos americana, também vem lutando para crescer. A companhia foi adquirida em 2005 por um grupo de private equity por US$ 6,6 bilhões. Em maio de 2010, quando pediu registro para negociar suas ações em bolsa, o presidente Gerald Storch parecia ter dado uma reviravolta na empresa até então em dificuldades. Mas não foi o que aconteceu.

 

Depois de um fim de ano pouco vibrante, as vendas nos Estados Unidos em 2011 ficaram abaixo do total de 2008. Os lucros caíram em média 5% de 2010 para 2011, após uma redução de 11% um ano antes.

 

O alto escalão administrativo também vem desertando à medida que aumenta a insatisfação dentro da empresa. Neil Friedman, presidente da empresa nos Estados Unidos, renunciou em fevereiro, dez meses depois de assumir o cargo - embora tenha assinado contrato de um ano. Os diretores e gerentes de produtos e administração também pediram demissão. Houve mudanças no principal escalão da companhia em cada um dos sete anos da administração de Storch.

 

Os proprietários da Toys "R" Us - duas empresas de private equity, a Kohlberg Kravis Roberts e a Bain Capital, e a incorporadora imobiliária Vornado Realty Trust - acham que a janela para um IPO (sigla em inglês para abertura de capital) está se fechando, segundo fontes próximas à companhia. Uma oferta de ações ajudaria a melhorar seu balanço carregado de dívidas.

 

Em 2011, devido à volatilidade do mercado, inúmeras ofertas públicas iniciais foram adiadas ou canceladas. As varejistas que abriram capital no ano passado vinham crescendo rapidamente, como a Michael Kors e Prada. Mas as cadeias gigantes, de crescimento lento, não são tão atrativas. "Desde que anunciaram o IPO, o desempenho da empresa enfraqueceu", diz Charles O'Shea, da Moody's.

 

Redes de varejo se tornaram alvos de empresas de private equity durante o boom das aquisições entre 2005 e 2007. Foi o que aconteceu com redes como Lord & Taylor, Neiman Marcus e Michaels Stores.

 

No caso da Toys, os compradores viram uma franquia em dificuldades, mas dona de um patrimônio imobiliário valioso e pronta para ser reerguida.

 

Fundada em 1948, a Toys já teve capital aberto. Suas ações passaram a ser negociadas em bolsa em 1978. Mas, em 2005, Walmart e Target reduziram preços, forçando várias redes a fechar suas portas. A Toys "R" Us partiu em busca de um comprador.

 

Barbie. As empresas de private equity que a adquiriram colocaram Storch, que havia trabalhado na McKinsey e na Target, na presidência. A ordem era fortalecer marcas e brinquedos exclusivos da loja. Foram adquiridos os direitos de marcas que estavam desaparecidas, como a KB Toys & Toys e a F.A.O. Schwarz. Esses produtos são hoje mais de 50% das vendas de brinquedos da Toys, segundo Lutz Muller, analista da Klosters Trading.

 

A empresa também decidiu transformar 25% dos seus pontos de venda em lojas Babies "R" Us. Abriu unidades fora dos Estados Unidos, embora as vendas internacionais também tenham caído nos últimos três anos. E insistiu nas vendas por internet, que cresceram 50% no último Natal.

 

Mas a pressão da concorrência está mais forte. No Natal, o Walmart vendeu brinquedos a prazo e a Amazon fez grandes descontos. "O ano foi muito competitivo", disse Storch. "Mas resistimos muito bem."

 

Um enorme desafio tem sido o recuo das vendas de videogames, uma vez que as crianças estão mais interessadas em jogos para iPhone e iPads. No ano passado, 8% das vendas da Toys eram videogames. Em 2009, a fatia havia sido de 11%.

 

A Toys também errou quando exagerou e abriu 600 lojas "op-up"(temporárias) no Natal de 2010. Derrapagens como essa ainda pesam nas finanças da companhia, que deve US$ 5,2 bilhões - sendo US$ 1,4 bilhão vencendo em 2013.
 

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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