Desaceleração do gigante asiático repercute no comércio exterior do Brasil
Especialista adverte, no entanto, que é cedo para projetar como será exportação de minério de ferro e soja em 2012
A economia da China avançou 8,1% no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2011. O resultado, o pior em quase três anos, ficou até 0,3 ponto percentual abaixo da maioria das previsões.
Apesar do pé no freio, analistas ressaltaram que o mês passado foi o de melhor desempenho, indicando que a segunda economia mundial tende a reagir no curto prazo.
A produção industrial, por exemplo, cresceu 11,6% em março, contra uma média de 11,4% em janeiro e fevereiro.
Já o governo chinês se disse satisfeito com a maior participação do consumo: 76% do total do crescimento, resultado bem acima da média histórica. Uma das principais metas oficiais para os próximos cinco anos é o reequilíbrio da economia por meio de maior participação do consumo em relação a investimento e comércio exterior.
"Temos de mudar a prática anterior de depender do uso de recursos e do trabalho barato para fomentar a economia", disse ontem Sheng Laiyun, porta-voz do Escritório Nacional de Estatística.
O governo chinês estabeleceu para este ano uma meta de crescimento de pelo menos 7,5%, a menor desde 2004. O Banco Mundial projetou nesta semana que o país crescerá 8,2% neste ano, abaixo da estimativa inicial de 8,4%. Nos últimos 30 anos, o gigante asiático tem crescido cerca de 10%, em média.
COMÉRCIO BILATERAL
A desaceleração aparece também no comércio com o Brasil, segundo dados do primeiro trimestre do Ministério do Desenvolvimento compilados pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
O crescimento do comércio bilateral nesse período foi de 12% em relação ao mesmo período do ano passado, o menor percentual em cinco anos. Em 2011, o aumento foi de 45% em relação a 2010.
Há três anos, a China desempenha o papel de maior parceiro comercial do Brasil.
"Pelo menos até agora, com relação ao minério de ferro, a desaceleração da economia chinesa não teve um impacto direto nas compras. A China está comprando mais minério de ferro e pagando menos por isso em comparação com 2011", afirmou André Soares, coordenador de pesquisa e análise do CEBC.
Por outro lado, a soja, ligada diretamente ao consumo, teve um aumento de 126% em receita e 138% em tonelada.
Com relação ao restante do ano, Soares diz que, tradicionalmente, há uma grande diferença entre os valores do primeiro trimestre e do ano como um todo, o que inibe a projeção de tendências. "É muito cedo para dizer o que será o resultado do ano."
Veículo: Folha de S.Paulo