Peróxidos do Brasil desenvolve 'minifábricas' de água oxigenada

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A Peróxidos do Brasil, controlada pela belga Solvay, está prestes a colocar no mercado uma nova opção para a produção de peróxido de hidrogênio, mais conhecido como água oxigenada. A unidade brasileira é a maior do mundo para fins comerciais desde 2005 e o grupo domina a tecnologia de instalação de megaplantas.

Agora, para vencer grandes distâncias, que tiram vantagens competitivas, a subsidiária brasileira desenvolveu, em conjunto com a matriz, uma tecnologia para a construção de minifábricas, para serem instaladas ao lado de clientes ou em regiões de maior consumo. Duas unidades-piloto estão em funcionamento em Curitiba desde o ano passado. A primeira com escala industrial vai ficar pronta em 2013 e, depois dos testes finais, a meta é vender de cinco a dez fábricas entre 2015 e 2020.

Sem revelar detalhes, Paulo Schirch, diretor da Solvay para a América do Sul, conta que uma "Mini AO", como foi batizada a planta, está sendo negociada com um grande fabricante de celulose do Brasil. O peróxido de hidrogênio é usado no branqueamento de fibras celulósicas e o segmento consome 45% da produção feita na capital paranaense, que soma 165 mil toneladas por ano.

"O crescimento está acontecendo aqui na região e vamos tomar espaço", diz o executivo, sobre projetos de aumento de produção de celulose anunciados na América do Sul, que devem exigir um adicional de 70 mil toneladas de peróxidos até 2018. Hoje, o consumo nesse mercado chega a 300 mil toneladas anuais. A Solvay é líder em vendas e tem como principal concorrente a alemã Evonik.

As miniplantas terão capacidade de 5 mil a 15 mil toneladas, de acordo com a necessidade. "São unidades simples, seguras e de fácil operação", afirma Schirch. Outras vantagens, segundo o diretor da Solvay, é que elas precisam de apenas 800 m2 de área e, na comparação com as plantas convencionais, o custo de produção por tonelada fica 30% a 50% menor, porque o processo é simplificado e segue direto para consumo, sem exigir preparações para o transporte rodoviário ou marítimo.

O francês Bruno Jestin, que em 2011 assumiu o cargo de diretor-geral da Peróxidos do Brasil, participou do desenvolvimento da tecnologia. Segundo ele, em Bruxelas foi trabalhada a parte conceitual de química e, na capital paranaense, onde fica a subsidiária, a equipe cuidou de engenharia e processos. Além de empresas de celulose, o executivo planeja atender com o projeto companhias de extração de minério instaladas no Chile e no Peru. Ele não revela quanto vão custar as miniplantas, que serão fabricadas em Curitiba.

Mesmo com os olhos voltados para a nova tecnologia, Jestin informou que a empresa vai investir US$ 20 milhões em 2012, boa parte na ampliação da unidade de Curitiba, cuja produção vai ser elevada para 180 mil toneladas. O motivo é o crescimento na demanda em outros segmentos que usam peróxido de hidrogênio, como têxtil, limpeza, cosméticos, metalurgia, tratamento de água, lavanderias e outros. No local também é feito ácido peracético, usado em desinfecção de embalagens para alimentos e produtos hospitalares. Uma nova ampliação na unidade, para elevar a produção anual para 225 mil toneladas, também está prevista para os próximos dois anos.

A Peróxidos do Brasil, que faturou R$ 250 milhões em 2011, tem expandido sua atuação para outros países. Em 2010, foi para o Chile, montou a Peróxidos Andinos e criou um terminal logístico para atender o mercado de celulose. Há planos para a construção de uma fábrica naquele país. No ano passado, foi à Argentina, onde abriu a Peróxidos Del Plata e também montou um terminal logístico. O grupo Solvay tornou-se um gigante na área química com a compra, em 2011, da francesa Rhodia.



Veículo: Valor Econômico


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