Unidade industrial faz parte da estratégia de crescimento da Queensberry, que inclui também novos produtos
Quando se reúne com os sócios brasileiros, o holandês Gerto de Rooij insiste que eles precisam transformar um hábito tipicamente mineiro em estratégia de marketing para sua empresa, a Kiviks Marknad, criadora da marca de geleias Queensberry. Tendo como principal desafio a conquista de novos consumidores, Rooij sonha com o dia em que adicionar uma porção de geleia ao tradicional pão com manteiga das manhãs vai se transformar em um hábito tão brasileiro quanto a combinação agridoce de goiabada com queijo.
Há 25 anos no mercado, o empresário sabe que a mudança de hábitos não é fácil. A empresa, que nasceu pequena, precisou investir muito em propaganda e marketing para seu produto cair no gosto do consumidor. Depois de alcançar a liderança de vendas em todo o País, Rooij percebeu que, se quisesse manter a taxa de crescimento em torno de 20% ao ano, precisaria expandir.
Decidido a transformar a Kiviks Marknad em uma grande empresa no prazo de cinco anos, lançou novos produtos no ano passado, como smoothies à base de frutas frescas e uma linha infantil de geleias. Agora, está de malas prontas para deixar a atual sede da empresa, em Alphaville, na Grande São Paulo, para ocupar a partir do próximo mês uma nova fábrica em Itatiba, no interior do Estado.
No novo endereço, a meta é aumentar a produtividade e intensificar o desenvolvimento de novos produtos à base de frutas para concorrer com as grandes indústrias e abocanhar uma fatia dos US$ 21,5 bilhões que as vendas de bebidas e alimentos industrializados relacionados com saúde e bem-estar deverão movimentar no Brasil até 2014, segundo dados da consultoria Euromonitor. "É um mercado muito concorrido e nós precisávamos ampliar nossa capacidade de fabricação e distribuição, porque até agora só conseguíamos entregar os novos produtos no Estado de São Paulo", explica.
Para se ter uma ideia, atualmente a fabricação de geleias precisa ser interrompida para a produção dos smoothies. Na nova fábrica, isso não vai mais acontecer. Com investimento de R$ 36 milhões, possui equipamentos importados da Europa, uma área de 112 mil m² e seis linhas de produção, o que vai quadruplicar a capacidade produtiva.
A empresa também investiu em instalações que priorizem a sustentabilidade e o meio ambiente. No novo endereço, a iluminação é natural e o calor gerado pelo sistema de produção será reaproveitado para aquecer a água, por exemplo. "Nosso objetivo é obter uma certificação ambiental porque acreditamos que o consumidor vai exigir isso das empresas no longo prazo", afirma Rooij.
Crescimento. Criada por um médico brasileiro que se encantou com a produção artesanal de geleias em Kivik, no sul da Suécia, a Kiviks Marknad foi adquirida pelos empresários Eduardo e Cristiano de Moraes em 1991, época em que ainda produzia geleia em pequena escala. Em 1997, o holandês Gerto de Rooij se associou à dupla para ajudar no desenvolvimento da estratégia que levou a Queensberry a ter suas geleias comparadas às mais tradicionais marcas importadas. "Para fabricar um produto artesanal em larga escala, deixamos o lucro na empresa e investimos no treinamento e motivação dos funcionários", afirma.
Veículo: O Estado de S.Paulo