Valor dos itens subiu de R$ 180,63, em novembro de 2007, para R$ 212,42
Nos últimos 12 meses, os campineiros viram o custo da cesta básica subir 17,6%. A variação está acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro do ano passado a outubro deste ano, que foi de 6,41%. O indicador é considerado o termômetro oficial da inflação no Brasil. Ao contrário da tendência de anos anteriores e das apostas de especialistas, o valor dos alimentos em Campinas subiu entre setembro de 2008 e o mês seguinte. Análise realizada pelo Centro de Economia e Administração (CEA) da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) mostra que a alta foi de 2,22%. No mês passado, os consumidores desembolsaram um valor médio de R$ 212,42 para comprar os 13 itens que compõem a cesta. Em novembro de 2007, o conjunto custava R$ 180,63.
O arroz foi o produto que registrou a maior elevação entre setembro e outubro. O cereal ficou 6,45% mais caro. Em seguida, veio a carne bovina, com 4,43%, e o feijão, com acréscimo de 4,42% no preço do quilo nos supermercados e hipermercados da cidade. Na outra ponta, as maiores quedas foram as do tomate, que caiu 6,01% o quilo, da lata de 900 ml de óleo de soja, que teve decréscimo de 5,13%, e o valor do quilo da batata, que recuou 4,55%. A pesquisa mostrou que em outubro o valor da cesta básica representou 51,19% do salário mínimo de R$ 415,00. No mês anterior, esse patamar foi de 50,07%. O estudo apontou que a variação de preços resultou na perda do poder de compra do consumidor campineiro.
O coordenador do levantamento sobre o custo do conjunto de alimentos, Cândido Ferreira da Silva Filho, afirmou que a alta do valor da cesta básica encerrou uma trajetória de baixas registradas nos meses de agosto e setembro. “Os alimentos voltaram a subir depois de dois meses de queda. Feijão e arroz passam por um período de entressafra, mas outros produtos, como a carne bovina, estão na época da safra. A tendência seria de recuo dos preços, porém, o valor do quilo da carne continua em alta. Um dos motivos pode ser o consumo em novos mercados fora do País”, analisou o economista. Para ele, o resultado de outubro projeta mais aumentos para os próximos meses. “Agora entraremos em um período em que parte dos hortigranjeiros começa a sofrer altas nos preços”, disse.
Outra provável justificativa para a subida dos preços na opinião do coordenador da pesquisa é a crise econômica. “Com a turbulência no mercado internacional, há uma escassez de crédito e isso afeta com força o setor agrícola. A tendência é uma redução da produção. Lógico, que esse não é um efeito tão rápido, mas deve ser sentido na próxima colheita que acontece em 60 a 90 dias, conforme a cultura”, explicou. Silva Filho afirmou que haverá uma correção da produção do setor frente aos desafios colocados pela crise. Ele salientou ainda que a subida do custo médio da cesta básica nos últimos 12 meses foi bem superior ao do salário mínimo que foi reajustado em 9,2% no último mês de abril. “Há uma perda do poder de compra do consumidor. E a situação deve se acentuar se considerarmos que o próximo reajuste do mínimo será apenas em abril ou maio de 2009”.
O especialista afirmou que a tendência de alta contraria um possível impacto da queda do valor das commodities no mercado internacional e um declínio do consumo no mercado exterior. “Com o novo cenário delineado pela crise, todos imaginavam que haveria uma queda nos preços dos produtos, mas os reflexos da turbulência trouxeram outros desafios que impactaram o setor agrícola”, comentou. Mais uma vez, ele exemplificou com a carne, que deveria ter um recuo dos preços, mas está em alta. “Isso também puxou o valor de outros itens como leite e manteiga”, apontou o coordenador da cesta básica.
Pesquisa tem qualidade como um dos critérios
Preços dos produtos são coletados em mercados, sacolões e açougues
A composição da cesta básica nasceu da lei federal que implantou o salário mínimo no Brasil. O coordenador do levantamento sobre o custo do conjunto de alimentos, Cândido Ferreira da Silva Filho, afirmou que a pesquisa realizada pelo Centro de Administração e Economia (CEA) da Pontifícia Universidade Católica de Campinas tem como base a legislação e os pesquisadores visitam 60% dos grandes mercados da cidade, padarias, açougues e sacolões. “Por semana, são coletados dez preços para cada produto. No final do mês, nós temos 40 observações para cada item que compõe a cesta básica”, explicou o economista. Segundo ele, é feita a soma dos preços e tirada uma média que servirá como base para as comparações do estudo.
“No levantamento, os pesquisadores coletam os menores valores dos produtos. Um critério para definir a mercadoria cujo preço será coletado é a qualidade”, disse. Silva Filho comentou que o valor médio mensal do conjunto de 13 alimentos pesquisados pela PUC Campinas é o custo mínimo da cesta. (AL/AAN)
Veículo: Correio Popular - Campinas