A Coca-Cola quer suas pinturas de volta. A fabricante de refrigerantes dos Estados Unidos lançou uma campanha para localizar três pinturas a óleo de Norman Rockwell que ela encomendou ao famoso ilustrador nas décadas de 1920 e 1930, que desde então estão desaparecidas.
"A Coca-Cola preza muito sua herança", diz Ted Ryan, diretor do patrimônio histórico da Coca-Cola. "Na década de 1960 fomos uma das primeiras companhias a estabelecer arquivos corporativos e hoje temos entre 2.000 e 3.000 peças de pinturas a óleo originais sobre a Coca-Cola em nossa coleção. Mas, de alguma forma, três delas conseguiram sumir."
Em 1928, Rockwell já era um ilustrador bastante conhecido, famoso pelas capas que fazia para a revista "Saturday Evening Post", quando a Coca-Cola o contratou para criar vários cartazes e anúncios com calendários.
Na época, o processo publicitário funcionava assim: um artista elaborava uma pintura a óleo e a enviava para a Coca-Cola, que então a encaminhava para uma gráfica para ser transformada em um cartaz ou anúncio impresso. Terminado este processo, a gráfica devolvia a obra original para a Coca-Cola.
Mas Rockwell era tão conhecido que às vezes suas obras sumiam. Ele completou seis pinturas para a Coca-Cola de 1928 a 1935. Apenas uma delas, "Out Fishin'", a empresa conseguiu manter em seu acervo. Ao longo da última década, mais duas voltaram para a Coca-Cola graças aos descendentes das pessoas que as surrupiaram originalmente. Uma delas, "Carry Me Back to Old Virginny", foi levada para casa por um funcionário; seus netos a devolveram.
"A segunda obra surgiu do nada", diz Ryan. "O neto do presidente da companhia que imprimiu o calendário nos chamou e disse: 'Temos uma pintura aqui que acreditamos ser original'."
Ryan afirma que recebe telefonemas como este o tempo todo, mas normalmente trata-se de impressões extremamente velhas. Dessa vez, era realmente um original de Rockwell. "Dá para ver as pinceladas e tudo", diz ele.
A Coca-Cola não revela quanto pagou para ter a pintura de volta, mas um episódio recente do programa de televisão "Antiques Roadshow", que teve como tema as obras que Rockwell fez para a Coca-Cola, estipulou as pinturas a preços que vão de US$ 400 mil a US$ 600 mil cada uma, número que Ryan diz estar "muito perto" do preço real. "Digamos que a família conseguiu mandar seus filhos para a faculdade com essa pintura", afirma ele.
Dos três Rockwell ainda desaparecidos, dois são propagandas impressas e um ilustrou um calendário. As pinturas foram todas feitas entre 1928 e 1932. "O calendário provavelmente está na casa de alguém e essa pessoa não sabe o que tem", diz Ryan.
"Mas os cartazes são os que me preocupam, porque na época as companhias que os produziam não eram necessariamente boas em preservar as obras após a impressão." Historiadores da Coca-Cola vêm procurando em coleções de museus, catálogos de leilões de arte e nos arquivos oficiais de Rockwell, mas até agora não encontraram nada. Ryan diz que está começando a ficar preocupado. "Procuramos em todos os lugares. Achei que a esta altura uma das duas pinturas já teria aparecido."
Veículo: Valor Econômico