Apoio à venda do trigo não sustenta cotações

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As políticas de apoio à comercialização para o trigo não têm conseguido sustentar as cotações mínimas nos principais estados produtores. O excesso de oferta das safras brasileira e argentina tem pressionado as cotações do cereal, fazendo os negócios girarem abaixo dos R$ 480,00 a tonelada - estipulado pelo governo federal como patamar mínimo de remuneração ao produtor. O mecanismo correto, na opinião dos produtores, seria o Prêmio de Escoamento para a Produção (PEP), porém os valores pagos não compensam para a indústria deslocar a produção. Segundo informações da Safras & Mercado, já foram oferecidos recursos para a retirada de 730 mil toneladas do Sul do País. No entanto, apenas 37 mil toneladas foram arrematadas.

 

Diferentemente do PEP, os Contratos de Opção de Vendas foram praticamente todos arrematados. No geral, aproximadamente 1,4 milhão de toneladas de trigo foram negociados com entrega previstas até maio de 2009, período que o produtor pode receber R$ 530,00 do governo pela tonelada. Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, explica que os contratos são uma ótima opção para o produtor que não tem pressa. "Os que precisam vender agora podem até achar preços inferiores a R$ 470 pela tonelada em algumas regiões". Ele explica que os prêmios de R$ 152 na tonelada pagos pelo PEP podem desestimular a participação dos moinhos. "Um trigo do interior gaúcho, cujo preço é de R$ 418 a tonelada, chega custando R$ 334 no porto com o desconto do PEP e as taxas inclusas. Apesar de ser pouca coisa mais barato em relação ao argentino, que possui melhor qualidade para panificação, a operação não compensa". Segundo informou, os valores do trigo gaúcho com o câmbio de ontem, no porto do Rio Grande do Sul, ficam em US$ 144 ante os US$ 178 pela tonelada do país vizinho, no porto de Baía Blanca.

 

Lawrence Pih, presidente do Grupo Moinho Pacífico, revela que prefere comprar trigo na Argentina à buscar no Paraná. "Quando encontramos crédito, compramos na Argentina, que tem qualidade melhor que a safra paranaense deste ano. Caso contrário, moemos nossos estoques", revela. Cassiano Bragagnolo, analista da Ocepar, confirma que a qualidade é um pouco inferior à do ano passado. "Mas a média está dentro da expectativa".

 

Pih destaca o preço do país vizinho como o maior atrativo. Segundo disse, a queda ocorreu por causa da escassez de crédito, que diminuiu a procura no mercado e favoreceu a baixa.

 

"A liberação da taxa de importação no ano passado favoreceu esse ambiente de queda no Brasil. Como as indústrias estão abastecidas, só compram quando querem", observa Pedro Loyola, economista da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). "A melhor opção para sustentar os preços é o PEP. Mas é preciso melhorar o prêmio".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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