O plantio de milho já começou em Minas Gerais com estimativa de produção da ordem de 6,4 milhões de toneladas em uma área de 1,3 milhão de hectares. Comparado aos resultados do ano anterior, a expectativa é de estabilidade na área plantada e aumento de 0,5% na produção mineira de milho para a próxima safra.
Mas, segundo o coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, por se tratar de números prévios, poderão sofrer alguma alteração em função do crédito escasso e estoques nacionais girando entre 5 e 6 milhões de toneladas do grão no país. "Em função da oferta o mercado está fraco, com as cotações do grão em torno de R$ 18 a saca de 60 quilos", explicou.
Enquanto os preços se mantêm em patamares baixos, o custo de produção está girando entre R$ 16 e R$ 17 por saca no Estado. Em relação à safra passada, esse custo de produção representa um aumento em torno de 30% para o produtor. De acordo com Vilela, além dos preços em baixa e os custos em alta, os produtores enfrentam problemas também com a dificuldade na compra de insumos.
O coordenador destacou que o crescimento de 0,5% no volume do grão ainda é otimista pois, com a escassez de crédito, os produtores deverão reduzir o nível de tecnologia aplicada, além de comprar sementes mais baratas e menos produtivas. "Para deteriorar ainda mais o cenário, muitos produtores irão utilizar menos adubos, que é um dos itens de custo mais impactantes", considerou.
A soma deste cenário é a perda de produtividade nas plantações de milho e, caso seja confirmada a extensão da área plantada, o resultado final poderá ser de queda no volume produzido, advertiu Vilela. "O tamanho dessa redução ainda não há como ser previsto pois ainda existe a variável clima. Por outro lado, os resultados com redução para o produtor seriam mais benéficos em função do volume dos estoques", salientou.
Oferta menor - Segundo Vilela, é mais interessante para os produtores ocorrer uma redução na oferta do grão do que um retração de preços. "Se o cenário de queda no volume não se confirmar, os preços poderão cair, ficando abaixo dos custos de produção, trazendo assim maiores dificuldades para os produtores. Neste momento, o conservadorismo é a melhor opção", destacou.
Por sua vez, o mercado interno ainda vive o crescimento dos últimos anos e as perspectivas apontam para alguma redução no crescimento econômico, afirmou o coordenador. "Se o cenário de recessão se acirrar, deveremos exportar menos suínos e aves, produtos que afetam diretamente o consumo do milho", alertou.
Cotações - Apesar do recente aumento nas exportações brasileiras de milho, os preços internos do grão seguem em queda, diante da oferta elevada. Entre os últimos dias 11 e 18, o Indicador Esalq/BM&F/Bovespa (região de Campinas) caiu 1,36%, fechando em R$ 20,29/saca de 60 kg na última terça-feira, já acumulando retração de 5,01% na parcial de novembro.
De modo geral, compradores e vendedores têm agido com cautela, negociando pequenos volumes. Exportadores, por sua vez, estão motivados com a melhora na paridade de exportação, sustentada pela alta na taxa de câmbio, que em novembro acumula ganho de 7,84%.
Quanto ao plantio, as atividades avançam de forma satisfatória nos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná. No Centro-Oeste, a preocupação continua sobre a área de milho safrinha, que deverá ser plantado nos meses de janeiro e fevereiro. Agentes apontam reduções de área e produção de até 30%.
Veículo: Diário do Comércio - MG