As vendas de notebooks estão disparando no país e fabricantes e varejistas alertam que serão inevitáveis os aumentos de preços desses produtos a partir de janeiro. O gerente de Informática da Ricardo Eletro, uma das maiores redes varejistas do Brasil, Daniel Camargo, disse que a empresa formou seu estoque desses produtos com dólar em torno de R$ 1,75 e hoje, com a moeda cotada em torno de R$ 2,40, haverá reajustes. Ele acredita que os aumentos de preços desses produtos no varejo poderão chegar a 20% a 30%.
O diretor de Marketing da Positivo, César Aymoré, concorda: "Esse pode ser o Natal do notebook por causa da oportunidade de adquirir o produto antes dos aumentos". Segundo ele, "está havendo uma antecipação importante de compras e os preços atuais são uma oportunidade, vai haver reajustes".
Sidnei Shibata, gerente de Marketing de Produtos da Dell, acredita que "o impacto do câmbio vai afetar toda a indústria", mas disse que o objetivo da empresa é manter preços competitivos. De acordo com ele, apesar do esforço que será feito para manter a competitividade dos preços, como boa parte dos componentes dos computadores são importados, é possível que ocorra uma "acomodação" no mercado.
Para o IBGE, a antecipação de compras já está ocorrendo. O técnico da coordenação de comércio e serviços do instituto, Reinaldo Pereira, atribui boa parte do aumento de 50,6% nas vendas de artigos de informática em setembro, ante igual mês do ano passado, à decisão dos consumidores de adiantar as compras para aproveitar as promoções.
Natal - Aymoré, da Positivo, acredita que essa antecipação deve se estender até o Natal. Ele explica que 90% dos custos do setor estão atrelados ao dólar, já que produtos importados ou nacionalizados têm a moeda americana como referência de preços. Para o executivo, porém, mais que os preços, é a redução dos prazos de financiamento no varejo que poderá reduzir a demanda por notebooks no ano que vem.
De fato, de acordo com Camargo, da Ricardo Eletro, a perspectiva é não apenas de aumentos de preços, mas também de redução de prazos de financiamento. Caso essa expectativa seja confirmada, ele avalia que o mercado de desktops pode crescer mais do que as compras de notebooks no ano que vem, já que os computadores de mesa têm menor preço. Nas lojas da rede, as vendas de PCs são hoje, de 60% do total de computadores, ante 40% dos portáteis. Há momentos porém, segundo ele, que essa relação chega a 50% para cada.
Na Positivo, o aumento das vendas de notebooks é tal que esses produtos, que respondiam por 7,2% das vendas totais de computadores da empresa no segundo trimestre de 2006, já tinham uma fatia de 32,5% em igual período de 2008.
Ainda no terceiro trimestre deste, a empresa vendeu 141 mil portáteis, com aumento de 170% em relação a igual período do ano passado. Segundo Aymoré, o aumento na demanda está relacionado a um "amadurecimento" do mercado brasileiro.
Opção - Ele também explicou também que os portáteis estão sendo adquiridos como uma segunda opção das famílias, que normalmente têm, em 90% dos casos, o desktop como primeira opção de compra. Segundo Aymoré, o crescimento do mercado de notebooks está relacionado a uma mudança comportamental que tem como característica a busca de mobilidade dos usuários.
O executivo da Positivo disse que a empresa continua acreditando em um Natal aquecido para computadores. Shibata concorda com essa perspectiva, assim como Camargo. Segundo ele, a expansão do mercado de portáteis no Brasil nos últimos anos refletiu o barateamento de preços por causa do dólar, mas também os incentivos fiscais do governo e a redução da pirataria.
Veículo: Diário do Comércio - MG