Volume negociado chega a 50 mi/t .
Os produtores brasileiros de soja negociaram 75% da safra 2011/12, segundo levantamento divulgado por Safras & Mercado, com base em dados recolhidos até 27 de abril. Em igual período do ano passado, a comercialização envolvia 62% e a média para o período é de 58%. No levantamento anterior, divulgado em 9 de março, o número era de 52%. Levando-se em conta uma safra estimada em 66,815 milhões de toneladas, o volume de soja já comprometido chega a 50 milhões de toneladas.
Em relação ao relatório passado, houve o impressionante avanço de 23% na comercialização desta safra, contra 8% em 2011 e 15% da evolução normal para o período.
"Simplesmente não temos registros anteriores de um período como esse onde tanta soja foi negociada pelos produtores brasileiros. Como vimos, além da revisão na produção para baixo, o centro da motivação nas vendas está na obtenção de preços recordes pelos produtores", explica o analista de Safras & Mercado, Flávio França Júnior.
Tomando como base algumas das principais praças de negociação do país, na última semana, observou-se preços internos superando de 13% a 22% as bases médias de março e entre 29% e 41% a igual período do ano que passou. Em dólares esse avanço oscila entre 8% e 18%.
"Para chegarmos nesses valores tivemos a rara combinação de elevações nas três principais variáveis na formação dos preços no mercado brasileiro, ou seja, Cbot, prêmios de exportação e taxa de câmbio", completa.
Negócios - Para França Júnior, daqui para frente o fluxo de negócios na nova safra brasileira deve continuar ativo, mas pode perder um pouco de ritmo, uma vez que a grande maioria dos produtores já se encontra bem vendida. Na semana, passada ao combinar solidez nas posições da Cbot (Chicago Board of Trade - Bolsa de Chicago), avanço da taxa de câmbio, positivos prêmios de exportação e firme interesse de compra em função do encurtamento da produção, os preços fecharam nos melhores níveis da temporada.
De acordo com informações de Safras, no oeste do Paraná, por exemplo, a soja em Cascavel atingiu no fechamento R$ 59,50/saca 60 kg, 3,5% superior aos R$ 57,50 da semana passada. No Rio Grande do Sul a base de Passo Fundo foi a R$ 61,00, 4,3% acima dos R$ 58,50 anteriores.
E no Mato Grosso, base Rondonópolis, o preço foi a R$ 56,00, também 4,3% acima dos R$ 53,70 da última semana. E com esse comportamento de mercado, onde novo pico de preços é alcançado, sempre se recomenda a participação dos produtores, notadamente para aqueles que se encontram ainda pouco vendidos.
"Mas é importante observar que, embora o mercado esteja buscando o seu limite (quando a alta de preços se transforma em racionamento de consumo), talvez ele ainda não tenha sido alcançado. Especialmente na parte do mercado externo, uma vez que estamos apenas no início do weather market dos Estados Unidos, e uma ameaça sobre a nova safra que começa a ser plantada poderia jogar os preços para picos históricos", alerta o analista de Safras.
Mercado futuro - O embalo dos produtores na comercialização da soja também aconteceu em relação à safra 2012/13, que começa a ser plantada em setembro. Embora os preços externos venham mostrando bases futuras com elevado deságio sobre as cotações atuais, os produtores brasileiros tem se motivado a entrar no mercado em função dos altos valores propostos.
Segundo França Júnior, isso ocorre especialmente no caso das cotações em reais, onde os compradores vão viabilizando os negócios com a utilização de travas cambiais futuras, aproveitando as altas taxas praticadas.
Embora Safras ainda não tenha levantamento de campo para a safra nova brasileira (a intenção de plantio só acontece em julho), um exercício de tendência pode ser feito utilizando aumento de área em 4,25%, passando para 26,03 milhões de hectares, rendimento médio em condições de clima regular de 3.050 kg/ha e produção de 79,40 milhões de toneladas.
"Para esse cenário, acreditamos que perto de 14% a 15% desse volume já estaria compromissado pelos produtores, fluxo também recorde para o período, muito acima dos 4% anotados em igual momento de 2011 e ainda mais sobre os 2% da média normal para cinco anos", conclui.
Veículo: Diário do Comércio - MG