A redução no rebanho bovino dos Estados Unidos possibilita abertura de mercados para Minas Gerais.
O Brasil e principalmente Minas Gerais poderão contar, ainda em 2012, com um cenário favorável para o aumento das exportações de carnes. A previsão é da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), com base em indicadores de retração da pecuária nos Estados Unidos: o rebanho bovino do país teve uma redução de 5,9% nos últimos cinco anos.
"Apenas em 2012, o índice de redução do plantel bovino nas propriedades norte-americanas já é de 1,5% na comparação com o ano anterior", informa o superintendente de Política e Economia Agrícola, João Ricardo Albanez. Ele observa que, diante desses números, pode-se prever um gradativo crescimento da receita gerada pela comercialização externa das carnes embarcadas com o selo brasileiro.
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) mostram que o plantel de bovinos do país é formado atualmente por 128,2 milhões de cabeças, como conseqüência de um quadro que se agravou em 2011 por causa da seca em estados de grande produção, aumento dos custos da ração e competição intensa por áreas com lavouras de maior retorno econômico.
"As estatísticas mostram que os ganhos de produtividade na pecuária bovina norte-americana são insuficientes para compensar as perdas ocorridas com a redução do rebanho", diz Albanez. "No entanto, no ano passado, mesmo com a redução, as exportações do país não foram prejudicadas. A receita das vendas externas no período, segundo o Usda, foi de US$ 5,4 bilhões, possibilitando aos EUA a quarta colocação no ranking dos principais exportadores de carne bovina".
Riscos - Mas o superintendente considera que essa posição poderá ser ameaçada caso o sistema de defesa sanitária animal não consiga eliminar os riscos para o consumidor ante o registro da ocorrência da doença da "Vaca Louca" (Encefalopatia Espongiforme Bovina).
Ele ainda pondera que analistas têm mostrado como a menor oferta interna no mercado norte-americano influi nos preços da carne, que registraram níveis de queda quase recordes em 2011. "No ano passado o aumento de preço foi de 10% e para este ano estão previstas elevações de 4% a 5%. Por isso, a tendência é de que os pecuaristas americanos direcionem a produção para o mercado interno ante a valorização do produto.
Caso isso ocorra, e alguns países importadores de carne bovina dos EUA façam restrição às aquisições diante do registro da "Vaca Louca" (posição já assinalada pela Coreia do Sul), haverá uma mudança no cenário para o Brasil e especialmente Minas (segundo maior rebanho do país), que poderão aproveitar a abertura de espaços para as exportações da carne.
No acumulado de janeiro a março deste ano, as exportações mineiras de carnes (bovina, suína, de frango e peru) somaram US$ 185,2 milhões. A comercialização da carne de boi procedente do Estado resultou em US$ 63,8 milhões. Embora o valor seja inferior ao registrado no mesmo período de 2011, já se observou uma pequena melhoria do preço médio do produto no mercado internacional, que alcançou a cotação de US$ 4,7 mil a tonelada, aumento da ordem de 0,5% sobre o período equivalente do ano passado.
O Usda mostra, em sua análise, que o rebanho bovino brasileiro é composto atualmente por 247,8 milhões de cabeças, volume 10,1% superior ao registrado há cinco anos. O Brasil conta com o segundo maior plantel, e em relação ao ano passado o crescimento estimado é de 3,1%. Esta evolução vem consolidando a situação do país como grande produtor, que atende ao crescimento do mercado interno e ainda conta com excedentes para exportação. As vendas externas de carne bovina pelo país, no ano passado, foram de US$ 5,1 bilhões, valor 18,6% maior que o registrado cinco anos atrás.
Entre os principais rebanhos mundiais estão, em primeiro lugar, a Índia, com 387,5 milhões de cabeças; depois do Brasil vem a China, com 144,6 milhões de cabeças. E os Estados Unidos ocupam a quarta colocação, com 128,2 milhões de cabeças.
Veículo: Diário do Comércio - MG