Os acionistas da Aracruz Celulose decidiram ontem por maioria, em assembléia geral extraordinária, abrir ação de responsabilidade contra seu ex-diretor financeiro Isac Zagury, acusando-o como culpado pelos prejuízos causados pelas operações financeiras com derivativos.
Com a presença de 96,5% dos detentores de ações com direito a voto, além de acionistas preferencialistas, a assembléia decidiu analisar o procedimento jurídico mais adequado para a ação de responsabilidade contra Zagury. A assembléia foi realizada ontem no município de Aracruz (ES), sede da empresa.
A decisão tomada pela maioria dos acionistas controladores - entre eles Votorantim e Safra- é uma tentativa de isentar-se da culpa pelas perdas bilionárias, que chegaram a US$ 2,1 bilhões. Eles alegam que Zagury operou com derivativos acima dos limites fixados pela política financeira aprovada pelo conselho de administração. Zagury deixou a diretoria da Aracruz no fim de setembro quando veio à tona notícias dos prejuízos em operações financeiras especulativas.
Na assembléia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Participações (BNDESPar), dono de 12,5% das ações ordinárias da Aracruz, se absteve de votar contra Zagury. Segundo a ata, o BNDESPar argumentou não ter "elementos de decisão suficientes" para abrir o processo contra o ex-executivo da Aracruz. De todos os acionistas, o único voto contrário à abertura do processo partiu do fundo Latino Americano CIBC, do Canadá, representado por Clóvis Purgato.
Veículo: Valor Econômico