Com atraso, segundo a cadeia produtiva, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, lançou ontem no Paraná o plano agrícola para o trigo e outras culturas de inverno. Além do já anunciado aumento de até 5% para o preço mínimo do cereal, o titular da Pasta informou que haverá R$ 430 milhões à disposição para a comercialização do cereal em 2012 - no ciclo passado foram mais de R$ 200 milhões - o que, na prática, significará que o apoio será suficiente para escoar cerca de 2,8 milhões de toneladas, aproximadamente metade da produção brasileira.
Estão previstos leilões quinzenais para agilizar esse escoamento, e o primeiro será realizado em 15 de maio. Segundo Flávio Turra, diretor-técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), as medidas ajudam, mas vieram com um certo atraso. O plantio no Estado, maior produtor nacional de trigo, já está definido e 30% dele já foi realizado. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria de Agricultura do Paraná, o agricultor do Estado está cultivando 785 mil hectares com trigo, a menor área em 37 anos.
Diferentemente do produtor de trigo do Paraná - que em algumas regiões tem a opção de substituir o cereal pelo milho -, os triticultores do Rio Grande do Sul têm como alternativa apenas outras culturas de inverno, que têm liquidez ainda menor do que a do trigo. Por isso, a área plantada com trigo em terras gaúchas deverá superar 1 milhão de toneladas, 15% a 20% mais do que no ciclo anterior, segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS).
O ministério anunciou também a nova classificação do cereal, que tornam mais rígidos os padrões de qualidade do trigo. Há pelo menos dois anos os triticultores tentam adiar a entrada em vigor dessa classificação, o que não foi mais possível nesta temporada.
Turra afirma que, de acordo com a classificação antiga, entre 85% e 90% do trigo do Paraná era considerado do tipo "pão". "Esse percentual agora vai cair para 60%", reclama Turra. Nos parâmetros antigos, por exemplo, era considerado trigo "pão" aquele com a característica de "força de glúten" (essencial na farinha usada no pão francês) de 180. Na classificação nova, esse patamar sobe para 220.
Esses critérios vão ser utilizados para enquadrar o cereal no apoio à comercialização. Outra medida já anunciada pelo governo é o aumento, em até 5%, do valor do preço mínimo. O trigo pão tipo 1, referência no mercado e que estava a R$ 477,00 por tonelada, no Sul, passa para R$ 501; no Centro-Oeste, Sudeste e Bahia, o valor sobe de R$ 535 para R$ 552. Os valores passam a vigorar em julho e valem por um ano.
Veículo: Valor Econômico