Falta espaço para descarregar.
Situações adversas como as restrições ao tráfego de veículos pesados em determinados horários nas grandes cidades e o aumento da criminalidade nas principais rodovias do país têm elevado os custos das transportadoras mineiras. De acordo com representantes das empresas do segmento, algumas medidas chegam a representar até 18% dos gastos totais do negócio, que incluem ainda os relativos à manutenção da frota, mão de obra e combustível.
No caso da Empresa de Transportes Martins, de Belo Horizonte, somente os investimentos em ações de gerenciamento de risco do transporte de carga, envolvendo seguro, escolta armada e rastreamento dos veículos, chegam a representar 12% dos custos totais da empresa. Já nas adequações à distribuição urbana, para coleta e entrega de mercadoria nos grandes centros, os gastos podem chegar a 18% dos custos, dependendo da operação.
"No tráfego urbano, temos de estar preparados para atuar segundo a legislação de cada cidade. A lentidão do trânsito e a falta de espaço para descarregar as mercadorias, fazendo com que, em alguns casos, motoristas e entregadores tenham de pernoitar no local, fazem com que os gastos sejam ainda maiores, onerando o frete. Para se ter uma ideia, em uma entrega noturna, somente com adicional já temos aumento de 20% nos custos finais", explica o presidente da empresa, Ulisses Martins Cruz.
Segundo Cruz, tais gastos foram incorporados ao negócio nos últimos oito anos e tendem a piorar nos próximos. "Se não arcamos com o prejuízo e nos preparamos para enfrentar o problema, ficamos aquém das expectativas dos clientes e alheios ao mercado. Enquanto não ocorrer uma reforma tributária neste país, os custos tenderão a ser ainda maiores", alerta.
Na Vip Logística, sediada na Capital, empresa especializada no transporte de alimentos, os custos também dizem respeito à questão da segurança. No entanto, o presidente da transportadora, Vander Francisco Costa, ressalta que os aportes são direcionados à capacitação dos funcionários e ao monitoramento da frota. "A aplicação dos recursos muda muito de uma empresa para outra, dependendo do tipo de mercadoria transportada. No nosso caso, o grande objetivo é diminuir o número de acidentes", diz.
Costa ressalta ainda a maior contratação de funcionários. Segundo ele, atualmente, a empresa trabalha com dois motoristas e meio por caminhão. Além disso, a Vip Logística usa o recurso da telemetria, visando controlar quem está dirigindo o veículo, por quanto tempo, a quantidade de combustível consumida, a forma como tem dirigido, entre outras questões.
"Até então não tínhamos como controlar os motoristas que viajavam pelo país. Agora, com esse recurso, temos o histórico da viagem e, quando percebemos qualquer alteração, advertimos o funcionário ou até mesmo o encaminhamos para uma reciclagem", afirma.
Tais investimentos, de acordo com Costa, chegam a representar até 15% dos gastos da empresa. "O retorno diz respeito às questões de responsabilidade social. Custa caro, mas evita acidente e você raramente vê sua marca atrelada a tragédias", ressalta.
O gerente de Marketing da JFW Transportadora, sediada em Machado, no Sul de Minas, Fábio Olímpio, alega que vários são os fatores que vêm alterando e aumentando os custos da empresa nos últimos anos, dentre os quais destaca-se a segurança. Conforme ele, hoje, uma transportadora, mesmo que de pequeno porte, precisa investir em rastreamento, seguro de carga e segurança patrimonial dos galpões de armazenamento. "Tais investimentos chegam a onerar em cerca de 6% os tradicionais custos do nosso negócio", diz.
Já quanto à restrição do tráfego nas grandes cidades, Olímpio destaca que faz com que os custos aumentem em 4%. A empresa atua no transporte de cosméticos, medicamentos, material esportivo e têxtil.
Retorno - Na Transportes Delta (TransDelta), com sede em Ponte Nova, na Zona da Mata, o custo com rastreamento da frota tornou-se fixo de cinco anos para cá. Segundo o gerente administrativo da empresa em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Rafael Leite Freitas, atualmente, o serviço é quase que obrigatório para que o transporte de determinadas cargas seja feito.
"Isso gera um custo para a empresa, mas também proporciona retorno. Para se ter uma ideia, no ano passado tivemos um caminhão roubado e graças a este sistema a polícia conseguiu identificar a quadrilha e recuperar a mercadoria", conta.
Mas a empresa quer ir além. De acordo com Freitas, a TransDelta está investindo no desenvolvimento de um sistema de rastreamento on-line, em que o cliente poderá acompanhar o trajeto de sua mercadoria em tempo real. Segundo ele, a expectativa é de que já no ano que vem ele estará em operação.
Veículo: Diário do Comércio - MG