Os preços do feijão e do milho estão começando a cair no Interior do Ceará, a se ver nas feiras livres e calçadas de Quixadá e Quixeramobim, no Sertão Central. O feijão, vendido a R$ 7,00, maior valor nos últimos 10 anos, começa a ser encontrado na faixa dos R$ 6,00 até R$ 4,00 o quilo. O milho também começa a baixar, pelo menos para a mesa do cearense. Mesmo sem inverno, não vai faltar matéria prima fresquinha para o preparo de pratos típicos juninos como pamonha, canjica e bolo de milho, segundo garantem comerciantes do ramo. A espiga está sendo vendida a R$ 0,40. No fim de abril chegou a custar R$ 0,70, quando tinha.
"O milho verde, na espiga, está chegando da Chapada do Apodi e também do Vale do Jaguaribe, de Limoeiro do Norte", afirma José Lima Palhares, mais conhecido como "Irmão Zé". Ele não sabe ao certo como e nem quem está cultivando nessas regiões. Apenas recebe do seu fornecedor. Por enquanto, ainda está havendo variação de preço.
Habituado à comercialização de legumes em grãos, no Centro do Estado, Manoel Xavier Alves diz ter começando a receber os produtos do Sul da Bahia no início do mês. "Tem um japonês por lá. É ele quem tá mandando o feijão, igual ao de corda. Mas quem preferir tem o mais miudinho e branquinho, de menos gosto. A gente vende até a R$ 3,00. Com chuva ou sem chuva, aqui feijão não falta". Enquanto convencia uma freguesa, ele explicava que o quilo do milho ainda está um pouco salgado. Custa R$ 0,80 o quilo, mas também vai baixar. De acordo com o presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), José Maria Pimenta, o mercado deverá se regularizar somente dentro de 30 dias, quando as colheitas de feijão irrigado começarem a chegar no comércio varejista do Ceará.
No Centro do Estado, o produto deve sair de Quixeramobim. São mais de mil hectares. O Município deverá disponibilizar 1,2 mil toneladas do produto, o suficiente para atender a região. A Chapada do Apodi, e ainda os perímetros irrigados de Limoeiro do Norte e de Morada Nova, devem suprir o restante do Ceara. "Quanto ao milho, a maior preocupação está voltada para a pecuária e o setor avícola", explicou o presidente da Ematerce.
O alívio só vai chegar quando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) começar a distribuição. Hoje, o preço da saca de 60Kg está custando R$ 40,00. É impossível manter os animais gordos com ração neste preço. Sem o auxílio do Governo Federal, a crise no setor teria proporções incalculáveis.
Segundo ele, a Conab vai fornecer a saca para a agricultura familiar ao custo de R$ 18,10; para os médios produtores o preço da saca será de R$ 27,00. Segundo o assistente da superintendência da Conab no Ceará, Jorge Fonteles, o milho já embarcou do Centro-Sul do País, de Mato Grosso para o Ceará. Deverá chegar dentro de uma semana. O Governo Federal está subsidiando cerca de 200 mil toneladas de grãos para o Estado. A Conab possui unidades em Crateús, Icó, Iguatu, Juazeiro do Norte, Maracanaú, Russas, Senador Pompeu e Sobral.
Veículo: Diário do Nordeste