A produção de café beneficiado em Minas, na safra 2012, será de 26,64 milhões de sacas dos tipos arábica e robusta, o que resultará em um incremento de 20,1% sobre a safra anterior. O Estado, que é o maior produtor de café do país, terá uma safra de 26,34 milhões de sacas do tipo arábica, alta de 20,4% se comparada com o volume produzido anteriormente.
O aumento dos tratos culturais e o período de bianualidade positiva são os principais fatores que impulsionam a safra. Os dados foram divulgados na Segunda Avaliação da Safra Agrícola Cafeeira elaborada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez, os produtores mineiros estão otimistas com a safra 2012 e esperam a retomada dos preços. Um dos principais pontos que deverá contribuir para a valorização do grão é que os estoques mundiais de café ainda estão baixos e, com isso, a tendência é de aquecimento da demanda, o que é essencial para alavancar os preços.
"Outro fator favorável é que no ano passado as tradings firmaram contratos futuros com os preços do grão mais baixo e, devido à valorização significativa, com os valores da saca superando os R$ 500, estas empresas tiveram que comprar dos produtores os grãos com preços elevados e repassar a preços de contrato, o que descapitalizou o segmento e reduziu o ritmo de negociação. Com a chegada da nova safra, estas negociações devem ser retomadas, contribuindo para a sustentação dos preços", diz Albanez.
O maior receio dos cafeicultores mineiros na safra 2012, em relação ao desenvolvimento e à qualidade do café, são as condições climáticas observadas ao longo da safra. Segundo o levantamento da Conab, entre novembro do ano passado e a primeira semana de janeiro ocorreram chuvas freqüentes e abundantes. O período chuvoso foi seguido de estiagem, que durou do final de janeiro até o início de março.
Esta variação gerou preocupação aos cafeicultores, isto pelo veranico ter ocorrido na fase de granação dos frutos, o que pode ter prejudicado o enchimento dos mesmos. A conseqüência é a queda na produção do café. No entanto, os técnicos da Conab entendem que ainda é prematuro estimar a redução de produtividade decorrente deste período de estiagem, o que será melhor quantificado no decorrer da colheita.
De forma geral, as lavouras mineiras se encontram bem enfolhadas, vigorosas, com bom aspecto sanitário e nutricional, sem sinais de infestação de pragas ou doenças de maior relevância. Segundo os técnicos da Conab, a condição reflete a significativa melhora dos tratos culturais, conseqüência dos bons preços do café no mercado que fazem com que os produtores intensifiquem os cuidados com as lavouras, objetivando o aumento da produtividade.
As lavouras se encontram em fase final de granação e maturação, com o início da colheita previsto ainda para este mês, devendo se estender até outubro nos municípios de clima mais ameno. A produtividade média esperada para o Estado é de 25,80 sacas de café por hectare.
Na comparação com a produção da safra 2010, período de bianualidade positiva, a Conab projeta um aumento de 5,9% na produção do Estado. O aumento se deve basicamente à expansão da área em produção e à melhora dos tratos culturais das lavouras, incentivados pela recuperação dos preços de comercialização do café.
O crescimento só não foi maior em razão das adversidades climáticas observadas em algumas regiões do Estado, que podem restringir o potencial produtivo das lavouras na atual safra.
Segundo os dados do levantamento, em relação à safra de 2011, houve um incremento de 3,2% na área destinada à cafeicultura, que está em torno de 1,032 milhão de hectares. A expansão ocorreu também no número de cafeeiros. Atualmente, o Estado conta com 3,182 bilhões de covas, alta de 3,2% na comparação com os resultados de 2011.
Regiões - Em Minas as condições climáticas interferiram na produção de algumas regiões. A produção estimada para as regiões da Zona da Mata, Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Central e Norte de Minas é de 7,38 milhões de sacas, redução de 4,61% quando comparada com a safra anterior. A produtividade média alcançada foi de 21,52 sacas por hectare, contra 23,13 sacas por hectare na safra 2011, recuo de 6,96%.
Nas demais regiões produtoras do Estado é esperado incremento no volume de café. No Cerrado mineiro espera-se para a safra 2012 um incremento na produção de 44,12%, quando comparado com a safra anterior. A área de café teve um aumento de 5,71% e a produtividade 36,34%, passando de 24,84 sacas por hectare, em 2011, para 33,86 sacas por hectare em 2012.
O incremento na produção de café é atribuído à bianualidade da cultura, que este ano é de alta na região, e ao aumento da área de café em produção, devido à incorporação de lavouras que se encontravam em formação e renovação.
No Sul de Minas, as adversidades climáticas ocorridas ao longo do ciclo produtivo das lavouras, tais como atraso no início das chuvas, amplitude térmica acentuada, geadas nos meses de julho e agosto de 2011 e estiagem entre os meses de fevereiro e março de 2012, contribuíram para a redução do potencial produtivo das lavouras em safra de bianualidade alta.
A produção estimada para a safra 2012 é 13,49 milhões de sacas de café, 29,19% superior à safra anterior e 6,93% maior quando comparada à safra de 2010. Este incremento na produção só não foi maior por alguns municípios estarem em inversão da bianualidade, em razão da constante renovação dos cafezais e do cultivo de novas variedades nos últimos anos. A produtividade média esperada é de 25,98 sacas por hectare, contra 20,67 sacas por hectare da safra 2011.
Veículo: Diário do Comércio - MG