A CBTD, empresa que arrendou a marca, começou a vender dois modelos de leitores de Blu-ray e um tablet para crianças, e prepara lançamentos
Depois de cinco anos fora do mercado, os produtos da marca Gradiente voltaram a ser vendidos nesta semana. A Companhia Brasileira de Tecnologia Digital (CBTD), que arrendou a marca, colocou à venda na segunda-feira dois modelos de Blu-ray e um tablet infantil em uma loja virtual da própria Gradiente. A empresa também quer lançar televisão e smartphone até o fim do ano, afirmou ontem o presidente da CBTD, Fabio Vianna.
"Não tenho dúvidas de que é possível voltar ao mercado. A marca Gradiente ainda é lembrada pelo consumidor. E não voltamos com a linha de produtos do passado", disse Vianna.
Os novos produtos da Gradiente foram desenvolvidos pela equipe da empresa, mas são montados em fábricas terceirizadas. Vianna não releva o nome dos parceiros. Ele diz apenas que as linhas de áudio e vídeo serão feitas em Manaus (AM) e os tablets e celulares no Estado de São Paulo.
A fábrica da antiga Gradiente em Manaus foi incluída no contrato de arrendamento da empresa, mas está fechada neste momento. "Se percebermos que é interessante voltar a fabricar os produtos, vamos propor um investimento ao conselho", ressaltou Vianna.
A regra agora é "gestão financeira" da empresa. "Não temos metas de market share ou de vendas, mas de rentabilidade", disse Vianna.
A escolha do canal de vendas para relançar os produtos da Gradiente está relacionada a esse direcionamento. Com o canal próprio, a empresa não precisa pagar a comissão do varejo e aumenta a sua margem.
"É uma boa estratégia para quem está começando. Fornecer para grandes varejistas envolve um risco operacional de administrar capital de giro e grandes pedidos", afirmou o diretor acadêmico da HSM Educação e especialista em estratégia empresarial, Fernando Serra.
A intenção da CBTD é começar a vender os produtos no varejo a partir de junho. Mas o foco, segundo Vianna, serão principalmente as lojas especializadas em tecnologia. Ainda assim, a projeção dele é de que metade das vendas da Gradiente sejam feitas no seu portal. "Estamos negociando com o varejo, mas só vamos fechar se tivermos um contrato saudável. "
Presença tímida. Sem oferecer os produtos no grande varejo, a empresa dificilmente voltará a ter a participação de mercado que tinha antes de suspender sua operação, em 2007. No seu último ano de operação, a marca Gradiente somava cerca de 15% de participação no mercado de áudio e vídeo brasileiro.
Cerca de 80% das vendas de produtos eletrônicos são feitas no varejo de eletrodomésticos, dominado por grandes redes como Casas Bahia e Magazine Luiza, segundo estimativas da consultoria Mixxer, especializada em varejo e bens de consumo. "Não é impossível que a Gradiente retome sua posição no mercado, mas é uma missão hercúlea", disse Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer.
Para ele, o maior desafio da empresa está justamente em negociar com as grandes varejistas. Fora do mercado desde 2007, a Gradiente tende a ter um poder de barganha menor do que suas concorrentes. "O consumidor até pode ter a lembrança da marca, mas sem o varejo ela não vai chegar até a massa", conclui.
Veículo: O Estado de S. Paulo