Algodão, em baixa, poderá demandar apoio oficial

Leia em 3min 30s

Há dois anos sem ajuda do governo, a comercialização de algodão no Brasil deve ter de recorrer a subsídios para fechar no azul. A colheita começa em dez dias nos principais Estados produtores e metade das 2 milhões de toneladas esperadas entrará no mercado com preços, em média, 25% mais baixos do que há um ano e muito próximos do custo de produção.

 

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) já se prepara para uma eventual ajuda na comercialização do produto. "Estamos conversando com a Fazenda [Ministério]", afirmou o coordenador geral da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese. O câmbio, hoje acima de R$ 2, pode ser um aliado para manter a rentabilidade do algodão sem interferência do governo. Mas o ponto-chave está no comportamento da China enquanto comprador da pluma", avalia Farnese.

 

 

Desde 2003, o governo já liberou R$ 2,033 bilhões para apoiar a comercialização de 3,511 milhões de toneladas de algodão no Brasil. Trata-se da quarta cultura que mais recebeu no período recursos para essa finalidade, atrás do milho (R$ 4,850 bilhões), do trigo (R$ 2,850 bilhões) e do arroz (R$ 2,502 bilhões). A última vez que o setor demandou esses subsídios foi em 2009, quando o governo liberou R$ 550 milhões para comercializar 792 mil toneladas da pluma - naquele ano, os preços médios em Nova York foram de 58 centavos de dólar por libra-peso, segundo o Valor Data.

 

Neste momento é pico de entressafra no Brasil e o preço do algodão no mercado interno está girando em R$ 1,5901 a libra-peso - Cepea/Esalq no dia 22 - queda de 2,5% no ano. Com a entrada da safra brasileira, novamente recorde, o receio é de que as cotações internas despenquem para níveis abaixo do custo médio de produção, estimado em R$ 1,50 a libra-peso pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

 

Para a comercialização de algodão ser atendida pela política agrícola, os preços no mercado interno têm que recuar para níveis abaixo do preço mínimo oficial, que é de R$ 1,3486 a libra-peso (R$ 44,60 a arroba). Em Mato Grosso, maior produtor nacional da pluma, a arroba foi cotada no dia 21 a R$ 50,40 em Rondonópolis.

 

Metade da produção brasileira - toda ela estimada pela Conab em 1,950 milhões de toneladas - já foi comercializada com os bons preços do ano passado. A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) estima que as cerca de 1 milhão de toneladas fixadas nos mercados interno e externo estejam, em média, a um preço de 95 centavos de dólar por libra-peso, 25% maior do que as cotações atuais que fecharam ontem em queda de 287 pontos a 73,80 centavos de dólar a libra-peso (contrato outubro) na bolsa de Nova York.

 

Apesar da boa precificação feita até agora, há ainda por vender a outra metade da safra brasileira, ou seja, 1 milhão de toneladas. O tamanho da demanda das indústrias têxteis deve ser de 900 mil toneladas, em linha com a registrada em 2011, segundo informações da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), informadas ontem durante evento realizado em São Paulo pela BM&FBovespa. "As indústrias devem esperar a queda dos preços, com a chegada da safra nas próximas semanas, para entrar comprando", diz o presidente da Abrapa, Sérgio De Marco.

 

Diante desses preços internacionais mais baixos - no ano, a queda acumulada em Nova York é de 19,50% e nos últimos 12 meses, de 44,97%, segundo o Valor Data - a área plantada com algodão deve cair na safra agrícola 2012/13, não só no Brasil, como em outros países produtores. "Com esses preços e a demanda mundial em baixa, a oferta tende a recuar", diz o presidente da Anea, Marcelo Escorel. Segundo a consultoria Céleres o plantio no Brasil pode cair em 2012/13 dos atuais 1,4 milhão de hectares para 1 milhão.

 

 

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Otimismo em venda de lingerie

Época em que a rede Bompreço mais vende  lingerie, o Dia dos Namorados conta com incremento da venda ...

Veja mais
Atacadão demite 300 funcionários

Maior rede de "atacarejo" do país, o Atacadão demitiu 300 pessoas na semana passada, numa das maiores redu...

Veja mais
Novos benefícios animam indústria e transportadores

As ações determinadas pelo governo brasileiro para auxiliar a retomada da economia nacional, como a redu&c...

Veja mais
Calçados infantis

  Líder no desenvolvimento de sapatos infantis a partir de pesquisas médicas, a Calçados Bibi...

Veja mais
Soja valorizada no mercado

  Alta dos preços é considerada atípica, já que a colheita já foi iniciada em M...

Veja mais
Tetra Pak identifica 2,7 bi de novos consumidores

Consumo de lácteos da população de baixa renda deve aumentar de 70 bi de litros em 2011 para quase ...

Veja mais
Cobal Supermercados promove campanha para café da manhã

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), 66%...

Veja mais
Amis repudia proibição da venda de remédios

  Decisão evita automedicação.    Para a Amis, um supermercado poderia vender mai...

Veja mais
Cartões movimentaram R$ 178,5 bi no primeiro trimestre

Os cartões de crédito, débito e emitidos por lojas e redes de varejo movimentaram R$ 178,5 bilh&oti...

Veja mais