Produtores de café, cana e laranja que também têm plantios de sequeiro garantem que sistema rende bem mais
O uso da tecnologia de fertirrigação por gotejamento ajuda agricultores a aumentar a produtividade. O cafeicultor João Francisco Dias Barretto Junqueira, de Cajuru (SP), investiu R$ 5 mil/hectare no sistema em 2003, em 37,6 hectares. Em 2007, investiu mais R$ 2.500/hectare para ampliá-lo em mais 10 hectares, e a colheita começará em 2009. Os 46,5 hectares representam 42% dos 110 hectares do cafezal - a Fazenda Capão da Aroeira tem 180 hectares, ocupados com soja e gado de corte.
Junqueira já fez os cálculos das últimas seis safras e ficou satisfeito: a lavoura rendeu 32 sacas/hectare, e só a área fertirrigada produziu 51 sacas/hectare (59% a mais). A área sem o sistema rendeu 28 sacas/hectare. O balanço de 2008 é ainda melhor: 39 sacas/hectare na média geral e 58 sacas/hectare na área fertirrigada.
Junqueira diz que amortizará o investimento em 2009. "E dobramos a produtividade quando o cafezal é novo." A explicação é simples: dos 36,5 hectares iniciais, a maioria já tinha um cafezal com mais de dez anos, mas 4,5 hectares tiveram novo plantio, com colheita iniciada dois anos depois.
Nesses 4,5 hectares a média de produtividade foi de 65 sacas/hectare. Se pudesse, ele aumentaria a área com fertirrigação. "Isso não é viável, pois não tenho água suficiente", diz Junqueira, que tem a assistência de dois agrônomos: um acompanha a fertilização e o outro a água.
Em Batatais (SP), Antonio Carlos Duarte de Oliveira utiliza a fertirrigação há dois anos em 30 hectares de cana - a área sem o sistema é de 180 hectares. Investiu R$ 13 mil/hectare em novo canavial, que não foi adubado, apenas irrigado, e computa o aumento da produtividade já neste ano, que teve o primeiro corte. A produtividade foi de 156 toneladas/hectare, 42% a mais que o canavial convencional (110 toneladas/hectare).
O investimento foi com capital próprio e a amortização era prevista para cinco anos, mas com a queda do valor da cana esse prazo esticou um pouco mais. "Mas eu faria de novo", assegura Oliveira, que ainda tem expectativa de aumentar a área fertirrigada.
"Gostaria de dobrar a área, mas só daqui a dois anos", diz o produtor. A tubulação do sistema (que representa 50% do investimento), no caso da cana-de-açúcar, é subterrânea e na renovação do canavial tudo é perdido. A expectativa é a de que a renovação demore 18 anos, enquanto a média é de 8 anos. "Esse sistema prolonga a vida útil do canavial", garante o canavicultor.
TAMBÉM EM CITROS
O citricultor Fábio Cerutti é outro satisfeito. Há três anos ele usa a fertirrigação no pomar de 115 hectares, em Cardoso - os outros 85 hectares de citros, em Monte Azul Paulista, não usam o sistema -, e afirma que o benefício já está aparecendo, após financiar e investir R$ 3.500/hectare.
"O pomar ainda está se adaptando e essa região é muito quente, o que me levava a colher a fruta murcha, mas agora já colho a fruta normal", diz. Assim, em vez de precisar de 350 frutas para encher uma caixa, hoje são necessárias de 260 a 280. "Não tenho mais alternância de safra." Sem a fertirrigação por microaspersão, o pomar de Cerutti poderia diminuir, pois, como a região é seca, os pés de laranja competiriam por água no solo. Cerutti ainda diminuiu os gastos com nutrientes (30% a menos de nitrogênio e 15% a menos de potássio).
Veículo: O Estado de S.Paulo