Má comunicação, uma vilã da produtividade

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Setores estratégicos como telecomunicações e energia precisam ficar atentos aos fatores que provocam improdutividade em seus negócios. No primeiro grupo, o ponto fraco da gestão tem sido a alta rotatividade dos funcionários. No segundo, a vilã é uma comunicação interna ineficiente. Esses dados constam do 8.° Relatório Anual de Produtividade da consultoria Proudfoot, que entrevistou mais de 1,2 mil executivos de 12 países (Austrália, Canadá, Brasil, Rússia, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Alemanha, Índia, África do Sul e Espanha).

 

De acordo com o levantamento, os funcionários do setor de telecomunicações desperdiçaram 33% do tempo de trabalho com atividades improdutivas no último ano. Esse valor, que aumentou 20% nesta edição da relatório, é o maior entre os setores da economia analisados. Segundo João Currito, diretor da consultoria no Brasil, esse índice elevado pode ser explicado pelo acelerado crescimento da telecomunicação no mundo, fato que eleva a complexidade dos processos e, portanto, pode prejudicar o negócio.

 

Para os entrevistados, a principal barreira à produtividade no setor é a alta rotatividade de funcionários, elemento apontado por 28% dos executivos. O resultado está 8% acima da média dos demais segmentos. Segundo Currito, esse índice pode ser explicado pelo peso que as empresas de callcenter tem no setor. "Elas empregam milhares temporariamente", observa. A constante necessidade de treinar os funcionários, por exemplo, atrapalha os resultados. Mas a alta rotatividade também pode ser explicada pela falta de qualificação e experiência da equipe e pela baixa motivação dos colaboradores, fatores destacados por 25% e 24% dos entrevistados.

 

Além desses itens, outras causas de improdutividade nas telecomunicações são a incapacidade da equipe em aceitar mudanças na forma de atuar, barreira destacada por 24% dos executivos, e a falta de alinhamento entre as estratégias da empresa e a performance dos funcionários (23%).

 

É importante destacar também que o setor é o terceiro que mais dedica tempo da equipe com atividades de capacitação. Os gestores da área recebem 12,7 dias de treinamento anual, enquanto os demais funcionários 11,8. Em primeiro lugar vem mineração (12,5 e 15 dias respectivamente) e alimentos/bebidas (12,9 e 11,9).

 

Ao mesmo tempo - e mesmo tendo grande parte dos entraves à produtividade ligados à motivação e capacitação dos colaboradores - o segmento é o que está menos disposto a investir em treinamento e desenvolvimento de habilidades profissionais da equipe nos próximos doze meses. Ao todo, 75% dos executivos da área afirmaram interesse em desembolsar recursos para a aplicação de cursos de capacitação e treinamento para a equipe. O valor é 6% inferior à média de todos os nichos.

 

O aumento dos benefícios pagos aos colaboradores é visto como medida de combate ao déficit produtivo por 60%. Apostas em aprimoramento de tecnologia da informação (TI) também estão entre as estratégias de desenvolvimento do setor, solução citada também por 60% dos entrevistados.

 

Já entre os fatores externos que mais influenciarão negativamente a produtividade de telecomunicações nos próximos 12 meses estão o aumento do custo de energia (22%) e o ingresso de novas concorrências no mercado (20%). "O mercado brasileiro está muito aquecido neste setor, a cadeia produtiva está sendo redesenhada e há consolidação de players. Porém, a oferta de produtos e serviços a um preço justo ainda está longe de outras referências internacionais", destaca Paulo Marques, vice-presidente executivo da Proudfoot.

 

Carências

 

Já no setor de energia o maior empecilho à produtividade é a comunicação interna, conforme apontado por 33% dos executivos do setor. O índice é 3% maior do que a média global e, vale destacar, apenas 11% dos gestores entrevistados no ano passado citaram este fator como entrave produtivo. No Brasil, esse índice é de 47%.

 

De acordo com Currito, isso ocorre porque o setor é "extremamente regulamentado", com "estruturas corporativas muito pesadas". "E no caso do Brasil, esse é um problema geral. Há muita informalidade no País. Mas a comunicação deve ser levada a sério e feita por canais adequados. Há muito trabalho a fazer nesse sentido. Só assim a comunicação terá a abrangência, formalidade e distribuição necessárias", analisa.

 

A escassez de mão-de-obra foi apontada como segunda maior barreira por 28% dos executivos. Os problemas com legislação e regulamentação do setor ocupam a terceira colocação citados por 23% dos gestores. Para o setor energético a rigidez dos processos atrapalha o crescimento da produtividade. Dos entrevistados, 36% afirmaram que suas empresas pretendem fazer pressão para mudanças na lei em 2009.

 

"O lado positivo do estudo é que os executivos estão cientes das limitações de suas próprias empresas. Mas é preciso criar programas de eficientes de produtividade que ataquem essas carências", conclui Currito.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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