Calçado brasileiro 'aniversaria' à espera das licenças para entrar na Argentina

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Calçados brasileiros vendidos para a Argentina fizeram "aniversário" neste mês aguardando licença para entrar no país vizinho.

Cerca de 12 mil pares permanecem estocados em depósitos pelo Rio Grande do Sul desde junho de 2011, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

No total, 1,7 milhão de pares vendidos a comerciantes argentinos espera para sair do Brasil, diz a entidade.

A indústria afirma que a situação se agravou com as regras adotadas pelo governo de Cristina Kirchner em fevereiro, exigindo mais papéis dos importadores argentinos.

A venda de calçados e componentes à Argentina caiu 55% de janeiro a maio, em comparação com o mesmo período de 2011, segundo o Ministério do Desenvolvimento. A indústria fala em perdas de US$ 41 milhões.

Segundo a Abicalçados, o prejuízo acaba dividido entre exportadores brasileiros e comerciantes argentinos.

O diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, diz que já há reflexos no nível de emprego do setor. A produção encolheu 6,6% somente no Rio Grande do Sul em 2011.

"Agora são dois documentos concedidos de maneira independente. Há empresa que tinha um e ficou sem outro. É um caos montado de propósito para frustrar negócios brasileiros", diz Klein.

Pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), as licenças não automáticas deveriam levar 60 dias para serem concedidas.

A fabricante de calçados masculinos Pegada, de Dois Irmãos (RS), por exemplo, decidiu desativar a equipe de vendas em Buenos Aires em dezembro após problemas com a liberação de produtos.

A mercadoria antes destinada ao comércio argentino agora é vendida no Brasil.

"É melhor não vender e deixar quieto", afirma o diretor, Astor Ranft.

No fim da década passada, algumas empresas brasileiras decidiram abrir fábricas na Argentina para fugir das restrições.

O Ministério do Desenvolvimento disse que trabalha para remover as barreiras e que uma reunião com autoridades argentinas amanhã vai abordar o problema enfrentado por exportadores.

No mês passado, o governo federal retaliou e criou barreiras na entrada de vinhos e frutas importadas.

A Folha procurou a Embaixada da Argentina, mas não conseguiu respostas.



Veículo: Folha de S.Paulo


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