A travessia ferroviária da cidade de São Paulo deverá ter uma solução no final deste ano. O diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Noboru Ofugi, disse que o governo federal definirá qual o projeto será feito na capital paulista.
"O mais provável é que se inicie pela segregação das linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). É a solução mais viável e com o menor tempo de execução", disse Ofugi.
A travessia de São Paulo é um projeto que se arrasta há pelo menos três anos - o projeto anterior era a construção de um ferroanel que ligaria a rede da MRS Logística à malha da América Latina Logística (ALL) passando por fora da cidade. "O governo federal já elencou este projeto como prioridade e o BNDES está concluindo os estudos para iniciarmos a obra", disse o diretor da ANTT.
Hoje as cargas que passam por São Paulo usam os trilhos da CPTM com restrição de peso e limite de tamanho da composição. Os trens da MRS que atravessam a capital paulista trafegam na madrugada com apenas 25 vagões levando somente 2,5 mil toneladas.
O projeto para a construção de uma linha para carga ao lado da malha da CPTM, chamada de segregação, foi uma alternativa encontrada pela MRS para solucionar o "maior gargalo ferroviário do País". No trecho no centro da cidade, na Estação da Luz (SP), o projeto prevê a construção de um túnel para a travessia das cargas com direção ao porto de Santos. Para a construção do túnel, os estudos prevêem investimentos de R$ 800 milhões.
A outra solução para a travessia de São Paulo é a construção do ferroanel. O trecho sul, de 67 quilômetros, ligaria as estações de Evangelista de Souza a Rio Grande da Serra, sem passar pela cidade de São Paulo. Este trecho não está na faixa de domínio das concessionárias que operam no estado de São Paulo - dessa forma, teria que ser concedido à iniciativa privada a construção e operação. O projeto está orçado em R$ 770 milhões.
O secretário adjunto do desenvolvimento de São Paulo, Luciano Santos Tavares de Almeida, disse que o governo federal já estaria disposto a investir cerca de R$ 300 milhões na travessia ferroviária de São Paulo. "Na verdade o projeto escolhido deve congregar os interesses de todos os envolvidos, o governo federal, a MRS e a CPTM. Isso não é fácil", disse Almeida.
O secretário acredita que a solução mais viável é a construção de uma malha margeando a linha da CPTM. "Esse projeto deve ser aprovado, até porque já temos a sinalização da MRS que irá investir na solução do problema. Essa questão com certeza será resolvida já no primeiro semestre do próximo ano. Não há como se estender mais, pois isso restringirá ainda mais o transporte de cargas em São Paulo", ressaltou Almeida.
O presidente da MRS, Júlio Fontana Neto, disse que a empresa estuda investir até 30% no projeto da travessia de São Paulo. "Temos até março de 2012 para a execução dos trabalhos já que a CPTM tem planos de expansão que estarão concluídos em cinco anos. Se isso não for solucionado, vai travar o sistema", disse Fontana.
Segundo ele, a MRS trabalha para ser aprovado o projeto da segregação das linhas da CPTM e a construção do trecho norte do ferroanel. "É a solução mais barata e mais rápida. Tempo é o nosso desafio agora", ressaltou o executivo. A empresa, segundo Fontana, já iniciou os estudos de viabilidade ambiental e já deu entrada no pedido de licença ambiental junto ao Ibama para a obra de alguns trechos.
"Caso seja implantado o projeto, há a possibilidade de construção de grandes terminais multimodais ao longo da nova malha. A idéia é ter um retroporto ligado ao porto de Santos para produtos limpos na região da Mooca. Já iniciamos os estudos e as conversas com a prefeitura de São Paulo", adiantou Fontana. Outro terminal que poderá ser construído, segundo o executivo, é na cidade de Jundiaí, próxima à cidade de Campinas.
Veículo: Gazeta Mercantil