A venda "de certos ativos não-estratégicos das subsidiárias diretas e indiretas" da Laep Investiments Ltd aprovada em reunião do Conselho de Administração da holding em final de setembro e declarada esta semana na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) começou antes mesmo desse aval. A Parmalat já havia encerrado as operações na fábrica de Frutal (MG) e vendido os ativos da Poços de Caldas cinco meses após a compra das mesmos.
Agora os executivos que compõem a Companhia de Alimentos Glória, Integralat e da Parmalat Brasil S/A Indústria de Alimentos têm carta branca para negociar os ativos das referentes empresas. No caso da Parmalat - ainda em recuperação judicial -, antes da comercialização é necessário que o preço e os ativos propriamente ditos sejam submetidos e liberados pela justiça para só então serem negociados. Esse aval a Parmalat ainda não obteve, mas de acordo com empresários do setor a empresa já está à procura de compradores para pelo menos quatro de suas oito unidades - uma delas, em Rondônia, já fechada.
A planta de Votuporanga (SP), adquirida por R$ 46 milhões, estaria sendo negociada com o antigo dono por R$ 20 milhões. A capacidade produtiva de 200 mil litros por dia e atualmente opera com 50% desse potencial ocioso. A unidade de Santa Helena de Goiás (GO), que suporta processar até um milhão de litros de leite em um único dia, teria sido oferecida a alguns empresários por R$ 35 milhões. "E ela vale pelo memos R$ 100 milhões".As unidades de Garanhuns (PE) e de Itaperuna (RJ) também estariam à disposição do mercado, e só a pernambucana seria atraente aos investidores, um deles a Embaré, que estaria negociando a aquisição dessa unidade que chega a beneficiar 500 mil litros de leite por dia. No primeiro semestre do ano, a produção mensal da Parmalat era superior a 100 milhões de litros.
A partir de outubro de 2007, cerca de dois anos após a aquisição da Parmalat, a Laep realizou a emissão de BDR’s (Brazilian Depositary Receipts), uma espécie de recibo das ações negociadas na Bovespa, e captou pouco mais de R$ 500 milhões. O dinheiro foi usado para as inúmeras aquisições feitas não só pela Parmalat, mas também pela Integralat - empresa que apostava na parceria com produtores rurais, mas que também já começa a dar sinais de convalescência.
O projeto que, entre outras ações, previa a aquisição de vacas de pequenos produtores para melhoramento e posterior venda, agora só segue à risca a segunda parte do projeto. Cerca de 500 animais teriam sido vendidos este mês e nenhum adquirido. A Integralat possui fazendas no Uruguai, Cruzilha (MG), Unaí (MG), Alegrete (RS), Bonito de Minas (MG) que, por enquanto, "continuam intactas" afirma um executivo do grupo.
Para o consultor Marcelo Pereira de Carvalho, da MilkPoint, essa é uma tentativa de "se concentrar na atividade primária racionalizando custos. Se vai dar certo, ou não, ainda não se sabe, mas o fato é que eles estão voltando atrás", analisa.
Veículo: Gazeta Mercantil