Excesso de oferta na primeira safra derruba preço do feijão

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O grande volume esperado para a primeira safra do feijão, conhecida como safra das águas e responsável por cerca de 50% da produção nacional, fez os preços do produto despencarem nos últimos meses. Só nos últimos 30 dias, a cotação da saca do tipo carioca, o mais consumido no sudeste, recuou 20% e atualmente é negociada a R$ 88, de acordo com a Safras & Mercado. Na opinião de analistas, a expectativa da segunda maior safra da história reduziu o volume de negócios, provocando o recuo das cotações. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita deste ano deve alcançar 1,4 milhão de toneladas, volume 16% maior que 2007.

 

O cenário atual é exatamente o oposto ao final do ano passado, quando o atraso superior a um mês na safra paranense, prevista para chegar ao mercado em dezembro, provocou picos de até R$ 320 na saca de 60 quilos do tipo carioca negociada na Bolsinha do Feijão, em São Paulo, principal balizador das cotações no Brasil. Valdemar Ortega, analista e corretor da Bolsinha do Feijão, localizada em São Paulo, lembra que há dois anos cada saca de feijão carioca valia menos de R$ 60. "Não havia condição para plantar".

 

Atraídos pela maior remuneração causada pela menor oferta do grão, produtores voltaram a cultivar neste ano, que conta com preços médios de R$ 180 a saca, 64% maiores que o ano passado, segundo a Safras & Mercado. Rafael Pentiado Poerschke, analista da consultoria, observa que a desaceleração da demanda no varejo também contribuiu para a queda. "A população de baixa renda reduziu o consumo com a alta", explica. Segundo disse, mesmo com a queda, os preços ainda acumulam alta de 50% no varejo, nos últimos doze meses. "Se não houver nenhum problema climático que prejudique a safra, o consumidor deverá sentir a redução no início do próximo ano". Conforme informações da Safras & Mercado, os preços médios negociados neste mês foram de R$ 116 a saca, queda de 41% em relação ao mesmo período de 2007.

 

Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), os preços pagos ao produtor no estado caíram 0,98% nas últimas quatro semanas. O feijão liderou com queda de 44,55% entre os produtos que registraram baixa no período, seguido por carne suína (22,34%), batata (20,86%), amendoim (18,94%), milho (10,17%) e leite tipo C (5,60 %). Ortega observa que a queda já era esperada. "Os preços altíssimos estimularam o plantio e os resultados começam a aparecer agora, com a entrada da safra". Ele ressalta que uma série de problemas nas safras do ano passado contribuíram para a elevação dos preços. "Mas agora a situação está normalizando".

 

Conforme os dados da Bolsinha do Feijão, as sacas do tipo carioca são negociadas em R$ 90 atualmente. "A retomada do consumo com preços mais acessíveis deve sustentar esse patamar. Acredito que no pico da safra, que ocorre no natal, a saca deve ficar entre R$ 80 e R$ 85".

 

Poerschke explica que o feijão preto terá uma safra maior neste ano, o equivalente a 42% do total. "O recorde das importações deste tipo no ano passado atraiu os produtores". Em 2007, as compras de outros países somaram 141 mil toneladas.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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