Este ano tem sido de prejuízo para as indústrias de artefatos de borracha instaladas em Minas Gerais. A expectativa é de que o setor feche 2012 com queda de pelo menos 12% no faturamento, conforme o presidente do Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado de Minas Gerais (Sinborminas), lcio Fortunato do Carmo.
A previsão pessimista se baseia no atual cenário do segmento, que entre janeiro e maio registrou redução de demanda nas três principais atividades produtivas abastecidas pelas empresas. As compras dos produtos de borracha caíram em 13% por parte do setor automotivo; 30% na mineração e siderurgia; e 15% no segmento de pneumáticos. "A situação é grave porque estamos retraindo mesmo, e não simplesmente crescendo menos", afirma Carmo.
A retração da indústria de artefatos de borracha é algo que começou a se desenhar no ano passado, quando o setor registrou redução no faturamento de 6% frente a 2010. As vendas para o segmento automotivo haviam caído 6%; mineração e siderurgia, 8%; e pneumático tinha permanecido estável.
A queda do setor automotivo em 2012 reflete a dificuldade da indústria nacional de competir com os veículos importados. A situação pode se alterar nos próximos meses em decorrência dos estímulos governamentais, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os carros populares. Mas, até o momento, nada se alterou. Já os setores de mineração e siderurgia reduziram as compras de borracha por causa da queda nas exportações. Já o segmento de pneumáticos tem sido vítima da concorrência com os pneus importados, que têm entrado no país com preços mais atraentes.
Outro fator que tem contribuído para uma retração da indústria é a dificuldade de comprar matéria-prima. Como apenas 5% do volume de borracha utilizado no Brasil é produzido no país, os fabricantes de artefatos de borracha precisam comprar no mercado externo o insumo, principalmente na Ásia. Com o dólar em alta, o custo da produção fica muito alto e reduz consideravelmente as margens de lucro.
E, na maioria das vezes, não se pode repassar para o cliente final a alta. "Chega a um ponto em que um reparo no pneu fica mais caro que comprar um novo. Atualmente, as diferenças de preços entre o conserto e o novo já estão pequenas e, por isso, o consumidor está preferindo comprar um novo", afirma. Uma das soluções que os industriais mineiros estão buscando é a tentativa de cultivar a borracha. Mas, segundo Carmo, o prazo médio de espera entre a plantação e o consumo é de cerca de 7 anos.
Concorrência - Outra questão que tem tirado a eficiência da indústria mineira é a competição com outros estados. Muitos industriais de São Paulo e do Rio Grande do Sul têm visto no mercado mineiro uma possibilidade de expandir a base de clientes em tempos de baixa nas vendas. Neste ano, várias empresas têm aberto escritórios, com representantes comerciais de indústrias sediadas em outras regiões do país. Carmo explica que as indústrias de São Paulo possuem maquinários mais modernos e mão de obra mais qualificada em decorrência da tradição maior na produção de artigos de borracha. E isso torna a competição entre os estados desleal.
Minas Gerais é o terceiro maior produtor de artefatos de borracha, com cerca de 9% do mercado nacional, conforme estimativa da Associação Brasileira da Indústria da Borracha (Abiarb). O principal produtor é o Estado de São Paulo, que detém 65% do mercado brasileiro. Rio Grande do Sul fica na segunda posição, com 10%. O setor gera cerca de 3 mil empregos diretos em Minas Gerais e 4 mil indiretos. Estima-se que o Estado tenha cerca de 100 empresas, sendo que a maioria tem sede na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
A indústria de artefatos de borracha em Minas produz, principalmente, para três setores. Cerca de 25% do que é produzido são voltados para o automotivo; 35% para o pneumático; 39% para mineração e siderurgia; e apenas 1% para outros setores. Essa disposição tem a ver com a vocação econômica do Estado, que é forte em mineração e siderurgia e sedia a Fiat, montadora líder no segmento de automóveis e comerciais leves do país.
Já nacionalmente, 58% são vendidos para o setor automotivo e o restante pulverizado entre calçadista (5%); mineração e siderurgia (8%); eletrodomésticos e eletroeletrônicos (6%); entretenimento (4%); saúde (4%); e outras atividades (15%), entre elas petrolífera, de saneamento, construção civil e indústrias em geral.
Veículo: Diário do Comércio - MG