O comércio varejista de Belo Horizonte amargou e continua contabilizando prejuízos com as obras em diferentes pontos da cidade, sejam elas de revitalização ou infraestrutura. Em contrapartida, elas geram oportunidades de negócio em estabelecimentos localizados em outras regiões. Pesquisa divulgada ontem pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) mostra que, do total de comerciantes consultados, 29,6% tiveram seu negócio impactado pelas intervenções, sendo que a maioria, 51%, atua na região Centro-Sul, seguida pela Nordeste, 25%.
A maioria (31%) atribui as perdas às dificuldades que os pedestres passaram a encontrar para chegar aos estabelecimentos. Em seguida, foram citados os problemas com estacionamento (28%) e alteração no fluxo do trânsito (21%). Vale lembrar que as duas primeiras estão estritamente relacionadas à revitalização da Savassi, cujas obras tiveram duração de 13 meses e foram entregues em maio. A "nova Savassi" demandou o fechamento de quase 200 vagas para veículos.
"O problema de falta de estacionamento, que já existia, foi agravado com a revitalização. Agora prejuízos maiores, devido a alterações no trânsito, são sentidos pelos comerciantes da avenida Santos Dumont, no hipercentro. Outras áreas, como a avenida Paraná e o Barro Preto, já devem se preparar, uma vez que, em breve, as intervenções devem chegar a estas localidades", alerta o supervisor de Pesquisas da Fecomércio Minas, Eduardo ngelo Gonçalves Dias. Ele avalia que o comércio e o poder público devem elaborar ações conjuntas, visando a minimizar os prejuízos.
Faturamento - Mais da metade dos entrevistados (53%) afirmam que, ao longo das obras, o faturamento recuou de 10% a 20%. Já 27% dizem que o prejuízo chegou a 10%. Para 16%, os lucros caíram entre 20% e 50% e uma pequena parcela (4%) sofreu com perdas superiores a 50%. O estudo também mostrou que as expectativas de incrementar os negócios após as intervenções são grandes. Apesar de não conseguirem estimar em quanto, a maioria (61%) espera aumentar as vendas com a conclusão, enquanto 25% objetiva a retomada dos patamares anteriores e os demais (14%) não pensaram sobre a questão.
Uma alternativa para tentar amortizar os danos, de acordo com Dias, seria a realização das obras em etapas, o que eliminaria a necessidade de se interditar trechos muito extensos por um período muito longo. Ele também frisa a importância de se investir na visibilidade daqueles estabelecimentos mais afetados. "Os lojistas devem se esforçar para mostrar que continuam funcionando normalmente, seja com ou sem o apoio da prefeitura. Apesar dos transtornos que elas geram, obras são essenciais para que a cidade se desenvolva", conclui.
Nas áreas onde as obras já foram finalizadas, a maior parte (41%) afirma que o nível de comercialização cresceu após as obras. Para a maioria (56%), as altas registradas variaram entre 10% e 20%. Outra parcela significativa (37%) apontou que as vendas foram até 10% maiores. A minoria (7%) revelou aumento entre 20% e 50%.
Veículo: Diário do Comércio - MG