País terá 15 mi de empregos verdes

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Segmento tem um leque de oportunidades que demanda diferentes formações.


Preservação ambiental, responsabilidade social, desenvolvimento sustentável. Esses temas estão em alta, mas precisam ser desenvolvidos e colocados em prática. Para quem quer trabalhar nesse setor, a perspectiva é promissora. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que 15 milhões dos chamados "empregos verdes" sejam criados no Brasil na área nos próximos 20 anos.

Sustentabilidade abrange não só questões ligadas ao meio ambiente, mas também responsabilidade social e a inclusão de pessoas no mercado de trabalho. Ou seja, o segmento tem um leque de oportunidades que demanda profissionais de diferentes formações e experiências.

Até 2010, segundo a OIT, 2,9 milhões de brasileiros tinham empregos verdes. Pedro Paulo Guillaumon, de 31 anos, é um dos que já estão inseridos nesse mercado. De olho no futuro ele estudou gestão ambiental e encontrou o que realmente trazia satisfação pessoal e profissional. "Eu trabalhava com comércio exterior e procurei uma pós-graduação na área de sustentabilidade. Vi que era isso que queria fazer e mudei de emprego e de setor", diz.

No processo de transição de carreira, Guillaumon decidiu deixar o emprego que tinha para ser estagiário na empresa de saneamento ambiental Acquabrasilis. Ele está convencido de que dar um passo para trás foi necessário para abrir novas portas. " uma área que tem muito para crescer. Acredito que é um setor bem visto e que será cada vez mais valorizado."

Mas não são apenas empresas ligadas ao segmento e profissionais formados para atuar na área ambiental que têm boas perspectivas de carreira. Profissionais multidisciplinares, que atuam em seu setor e também reúnem habilidades para trabalhar com sustentabilidade, estão em alta.

Levantamento feito pela Associação Brasileira de Profissionais de Sustentabilidade (Abraps) mostra que 26% das companhias de diversos setores, como os de serviços, consumo e financeiro, pretendem contratar mais profissionais para exercer funções verdes. O salário de quem está na área varia de R$ 2,4 mil para analistas júnior a R$ 25 mil para gerentes e diretores do departamento, segundo a Abraps.

"Cada vez mais se nota dentro das empresas a necessidade de recrutar os chamados profissionais verdes. Dentro do portfólio de clientes do Monster (portal de vagas líder mundial em seu segmento) temos como clientes companhias de diferentes setores - petróleo e gás, construção civil, energia - que oferecem posições na área", analisa a diretora de Marketing da empresa, Andreza Santana.

O especialista em suprimentos da Oki, fornecedora de soluções em impressão, rico Tanji, de 34 anos, foi o escolhido na empresa para desenvolver o programa de sustentabilidade da companhia, que vai da redução de poluentes à logística reversa para descarte de seus produtos. Suas qualidades profissionais e o conhecimento do sistema de trabalho da empresa ajudaram a formá-lo para atuar com sustentabilidade.

"Foi um desafio ir para esse setor. Fui para a área por ter uma visão mais analítica, mas era muito diferente do que eu estava acostumado", diz ele, que buscou se especializar no setor com cursos de pós-graduação. "Sei que minha postura e hábitos até mudaram depois que migrei para o segmento", completa.

No entanto, profissionais e especialistas explicam que esse mercado ainda está em processo de maturação. De acordo com o presidente da Abraps, Marcus Nakagawa, apenas 17% das empresas se dizem maduras quando o assunto é sustentabilidade e têm um departamento específico para o setor. "Ainda não é uma área vista como estratégica por todas as empresas. Mas esperamos, em breve, que esses profissionais estejam nos conselhos e na formação dos projetos principais", diz.


Pequena empresa - As micro e pequenas empresas (MPEs) terão papel essencial para criação de empregos e o desenvolvimento de soluções sustentáveis, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). "O papel das PMEs na transformação para uma economia sustentável será crítico para um exitoso ‘esverdeamento’ da economia, especialmente em termos de melhoria do emprego e dos resultados sociais", afirma o relatório da entidade publicado no último mês.

Para a organização, a aposta não está somente ligada ao fato de as micro e pequenas empresas serem as principais criadoras de postos de trabalho, mas também grande fonte de inovação. No entanto, o documento aponta que há necessidade de políticas para capacitação das empresas de pequeno porte já estabelecidas e para que novos empreendimentos possam começar a atuar nesse segmento.

Para quem busca oportunidades no mercado de trabalho em sustentabilidade, a saída não está apenas nas grandes empresas que têm seu departamento já constituído e uma cultura sustentável estabelecida. Pequenas empresas que atuam nesse setor também têm chances para quem quer inovar, colocar em prática seus projetos e conhecimento e contribuir para o futuro.

Em palestra sobre empreendedorismo sustentável durante a Rio 20, governo e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) também discutiram a inclusão e participação dos empreendimentos de pequeno porte na área de sustentabilidade

"A inclusão dos pequenos negócios é importante para um debate efetivo pela sua capilaridade e importância econômica, já que esses negócios respondem por 50% dos empregos formais. Nosso desafio é compatibilizar a agenda ambiental, social e econômica. O tema principal do século XXI é crescer, conservar e incluir", reforçou o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, na conferência. (AE)


Veículo: Diário do Comércio - MG


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