Área do algodão pode ficar 35% menor na próxima safra

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A área plantada do algodão tende a uma redução de até 35% na próxima safra. Nos últimos dois anos, a área oscilou de 1,3 a 1,4 milhão de hectares, proporcionando um aumento de 50% na produção da commodity.

A previsão é feita com base em análises de especialistas e cortes já planejados por produtores da fibra para a safra de 2012 e 2013. A cultura está sendo preterida pela atratividade dos preços da soja.

"A locomotiva da queda é o grande estoque mundial. O algodão, hoje, é a commodity com o maior estoque no mundo", analisa Carlos Cogo, dono da consultoria que leva o seu nome. A atual estocagem da fibra corresponde a 67% do consumo global - um volume suficiente para abastecer durante 244 dias a demanda -, de acordo com o especialista.

Apesar disso, as exportações brasileiras do produto ultrapassaram a marca de um milhão de toneladas na safra de 2011/2012, superando em 146% o volume embarcado na temporada anterior, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abapa).

"As exportações são um alento. Correspondem ao ano-safra que acabou de terminar", observa Cogo, apontando para o problema dos preços: no mercado externo, em que a libra-peso (453 gramas) valia cerca de R$ 1,80 em julho de 2011, o valor da fibra caiu para, em média, R$ 1,58 por libra este mês.

Os problemas climáticos nas principais regiões produtoras - seca na Bahia e chuva no Mato Grosso, estados que representam quase 90% da produção algodoeira nacional - geraram especulações negativas sobre a qualidade da pluma, pressionando ainda mais as cotações.

O produtor João Carlos Jacovsen, proprietário de 6.100 hectares da fibra em Barreira de Formosa do Rio Preto (BA), vai substituir 41% de seu algodoeiro por soja, atrás de rentabilidade, no ano que vem.

O grupo BDM, que produz algodão em 10,7 mil hectares no Mato Grosso, planeja reduzir a área para nove mil hectares em 2013. Já que, em seus contratos, o valor do quilo do algodão caiu de R$ 4,12, nesta safra, para R$ 3,68 na próxima. "Neste ano, na Bahia, vamos ter uma boa margem: mais ou menos 20%", diz Jacovsen, que é vice-presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). "Na próxima safra, a margem deve cair. Para mantê-la, será preciso ter uma produtividade alta. Qualquer problema climático derrubará o lucro", prevê.

Considerando que Jacovsen presenciou, nos últimos meses, "a seca mais severa em trinta anos", na região oeste da Bahia, a sua decisão de substituir a plantação da fibra pela soja (tendo o preço da oleaginosa galgado sucessivos recordes nesta temporada), está pra lá de justificada. "A gente planta para ganhar dinheiro."

Por ora, o prejuízo fica com a agroindústria: os produtores ligados à Abapa fecharam contratos de venda, no início da safra, a preços entre US$ 0,80 e US$ 1 por libra-peso. Acontece que o valor atual da medida gira em torno de US$ 0,75.

A produção baiana ocupa, atualmente, 403 mil hectares e deve render 9,3 milhões de toneladas. Cerca de 35% da safra já foram colhidos, segundo Jacovsen. A estiagem provocou uma quebra de aproximadamente 25% na produtividade dos algodoeiros - de projetadas 259 arrobas por hectares para um nível prático de 220 arrobas.

Em Rondonópolis (MT), o grupo BDM calcula margens de lucro entre 23% e 37% para o algodão - a da soja chega a 52%. A atual produção, de 15,5 mil toneladas em 10,7 mil hectares, sendo negociadas a R$ 4,12 o quilo, breve tornar-se-á, em 2013, uma safra de nove mil hectares e 12,9 mil toneladas a R$ 3,68 o quilo.

O custo médio de produção da fibra é de US$ 2.400 por hectare, seja na Bahia ou no Mato Grosso. "O preço final já não cobre o custo de produção", afirma Cogo, o consultor.

"Chegamos a um momento em que o grande excedente de algodão interrompeu a expansão da cultura no Brasil", analisa.

A nível nacional, o algodão, que se planta de setembro e outubro a janeiro e fevereiro, formou território de 1,4 milhão de hectares, este ano, com produção estimada de 1,9 milhão de toneladas em pluma e 3,1 milhões de toneladas em caroço.

Na safra passada (2010 e 2011), os números eram próximos. Mas, em relação a 2009, a área plantada cresceu cerca de 50% e o volume produzido praticamente dobrou.

 

Veículo: DCI


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