Comida longa vida

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De olho no que vai parar no lixo todos os dias, cientistas desenvolvem tecnologias de baixo custo para fazer os alimentos durar mais tempo nos campos e na geladeira

Larissa Veloso

 

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SOBREVIDA
Novas tecnologias permitem que tomates durem até quatro vezes mais

Ao abrir a geladeira, um cheiro desagradável já dá uma ideia do estrago. Um odor azedo vem da gaveta de verduras, e o consumidor percebe que mais uma vez não deu para aproveitar tudo o que foi comprado na última feira. A vida curta de alguns alimentos, principalmente dos vegetais frescos, é um dos principais fatores de desperdício de recursos naturais. Entre perdas por pragas nas plantações, armazenamento inadequado e demora no consumo, 1,3 bilhão de toneladas de comida apodrece e vai para o lixo, o equivalente a oito anos da produção de grãos no Brasil. Em seu último relatório sobre o tema, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) fez um alerta grave: “Em um mundo com recursos naturais limitados e no qual ainda faltam soluções para garantir nutrição a todos, reduzir o desperdício de comida não deveria ser uma prioridade esquecida.” A ciência tem combatido esse quadro e algumas das respostas têm aparecido.

Kavita Shukla é uma pesquisadora americana de origem indiana. Ainda adolescente, enquanto visitava parentes na Índia, ela descobriu uma mistura de ervas que sua avó usava para prevenir infecções por água contaminada. De volta aos EUA, ela resolveu testar aquele “chá milagroso” com vários tipos de alimentos e descobriu que a mistura continha propriedades que evitavam a proliferação de bactérias. Desenvolveu então uma embalagem de papel contendo a substância e, aos 17 anos, patenteou a invenção. Hoje, aos 27, ela lançou a empresa Fenugreen, para produzir e vender as folhas de papel a baixo custo. “Por ser tão barato de produzir e exigir pouca tecnologia, o FreshPaper (como o produto é denominado) pode ser usado em larga escala por fazendeiros e revendedores, especialmente nos países menos desenvolvidos”, disse Shukla em sua palestra no evento TEDx, que reúne os especialistas mais brilhantes de diversas áreas ao redor do mundo. Garantir que pessoas sem geladeira mantenham seus alimentos por mais tempo virou um dos lemas da empresa.

Ph.D. em ciência de materiais, o americano James Rogers desenvolveu um spray que faz com que frutas e verduras durem mais. Depois de aplicado e seco, o produto forma uma fina camada comestível sem cheiro nem sabor que impede que a comida perca umidade. “Nossas expectativas são de vender o produto no mercado americano já no próximo ano”, afirmou o inventor à ISTOÉ.

Em outra instituição de prestígio dos EUA, o MIT, o professor Timothy Swager descobriu que a sua pesquisa para detecção de bombas em aeroportos poderia ajudar a aproveitar melhor os alimentos em casa. Como? O pesquisador desenvolveu sensores capazes de detectar pequenas quantidades de etileno, substância que é liberada pelas frutas quando começam a passar do ponto. Assim, o “nariz” criado pelo professor Swager pode avisar quando a carga está prestes a transpor a fase madura e deve ser consumida o quanto antes. Se essa tecnologia se popularizar e chegar às casas, o consumidor ganha um aliado para detectar o momento final para usar aqueles tomates esquecidos na gaveta de verduras.

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Veículo: Revista Isto É


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