Déficit do setor tem forte retração.
A desaceleração da economia e a conseqüente redução das contratações em diversos segmentos têm beneficiado os supermercados mineiros. O déficit de funcionários do setor, que chegou a 5 mil em 2011, agora já caiu para 1,2 mil, conforme dados da Associação Mineira de Supermercados (Amis). A principal justificativa é a absorção da mão de obra vinda de outras áreas. Além disso, a nova realidade reflete uma queda no ritmo de crescimento das vendas, que passou a gerar um menor número de vagas mensalmente.
O último termômetro de vendas divulgado pela Amis revelou uma redução de 2,67% nas vendas em maio frente ao mês anterior nos supermercados mineiros. O pior resultado registrado foi o da Zona da Mata, onde a redução foi de 4,17%. Já o melhor resultado foi encontrado na região Norte, onde a retração foi de apenas 0,59%.
O superintendente da Amis, Adilson Rodrigues, explica que, apesar dos resultados negativos, a meta é de alcançar um crescimento de 4% do setor no fechamento do ano. Ele explica que a maior oferta de trabalhadores está mais associada ao desaquecimento dos outros setores do que da atividade supermercadista propriamente dita. Prova disso são os investimentos de R$ 250 milhões previstos para este ano, que serão mantidos. O faturamento esperado para 2012 é de R$ 13,7 bilhões. Estima-se que o Estado contará com 45 novas lojas e 55 supermercados reformados até o final do ano.
Nacionalmente, os resultados do setor apurados em maio também registraram queda nas vendas. A redução frente ao mês anterior foi de 2,77%, conforme dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O presidente da Abras, Sussumu Honda, explica que o processo de redução das vagas em aberto no setor tem ocorrido com mais intensidade em Minas Gerais e São Paulo.
Isso ocorre em decorrência da maior dependência das exportações vivida pelas duas economias. Com a desaceleração da economia mundial e redução das vendas para o mercado externo, outros setores estão deixando de contratar ou reduzindo o quadro de funcionários. Com isso, aumenta-se o número de trabalhadores disponíveis para atuarem em supermercados.
Seleção - Além da situação econômica do país, pesaram sobre a queda do déficit de trabalhadores algumas estratégias adotadas pelos supermercados. Uma delas é a abertura do leque de contratação e redução da exigência nos processos seletivos. "Muitas empresas passaram a dar maiores chances aos integrantes da terceira idade e pessoas sem o mínimo de qualificação ou preparo", afirma. Esses casos geraram uma necessidade maior de investimentos nos treinamentos dos profissionais.
Segundo o diretor administrativo do Grupo ABC, com 22 supermercados no Centro-Oeste e Triângulo Mineiro, Vicente Bolina, os problemas ligados à falta de mão de obra estão se tornando passado para a rede.
"No ano passado vivemos um momento de muita oferta de vagas e pouquíssimas pessoas interessadas em ocupá-las. Mas agora a realidade é outra", afirma. Para Bolina, o que interfere na disponibilidade de mão de obra é a sazonalidade da economia local. Os supermercados do grupo presentes em Divinópolis, por exemplo, conseguiram contratar mais neste ano em função do mau momento vivido no polo de confecções instalado na região.
O gerente comercial do Supermais, localizado em Belo Horizonte, Diogo Pertence, explica que tenta atrair funcionários dando benefícios como cesta básica ou vale-compras para os colaboradores que se destacam no trabalho.
Veículo: Diário do Comércio - MG