Agricultura e indústria sofrem com paralisação

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Avicultura, indústrias de rações e de laticínios são os principais setores a admitir que a greve dos caminhoneiros trouxe prejuízos

 


Os sete dias da paralisação dos caminhoneiros afetaram a distribuição de produtos para a agricultura e para a indústria. Ontem, criadores de frangos, produtores de laticínios do Rio Grande do Sul e industriais do Rio de Janeiro se queixavam dos prejuízos causados pela greve.

 

O resultado da paralisação foi sentido na Central de Abastecimento do Rio (Ceasa-RJ), onde o preço da batata chegou a variar entre R$ 100 e R$ 110 a saca, ante R$ 40 e R$ 45 normalmente. O produto, que vem de São Paulo, Minas e Paraná pela Dutra, foi o que teve o fornecimento mais comprometido, seguido pelas frutas cítricas, que subiram entre 30% e 40%.

 

A situação levou a Associação Comercial dos Produtores e Usuários da Ceasa Grande Rio (Acegri) a pedir a intervenção do governo do Estado para liberar as pistas da Via Dutra, onde estavam retidos 90% dos caminhões que abastecem a região.

 

Para economistas, a alta dos preços não deve pressionar os índices de inflação, já que o movimento não se prolongou. O consumidor também não percebeu o impacto. Ontem, não era possível notar reflexos da paralisação nos preços de cinco supermercados da zona sul do Rio visitados pelo Estado.

 

Segundo a União Brasileira de Avicultura (Ubabef), o abastecimento de ração para criação de frangos e o transporte de animais vivos foram afetados. "Empresas associadas relataram problemas com o abastecimento de ração para a criação de frangos, com a retenção de centenas de caminhões devido aos bloqueios", diz a Ubabef em nota.

 

No Rio Grande do Sul, a greve também afetou cadeias produtivas de alimentos. A Associação Gaúcha de Laticinistas e Laticínios (AGL) estima que os produtores podem ter perdido até R$ 5,6 milhões com a falta de escoamento de 7 milhões de litros de leite. Na Ceasa de Porto Alegre ainda não havia desabastecimento, mas os primeiros atrasos, sobretudo de cargas vindas de outros Estados, como as de tomate, abacaxi e manga, começaram a ser percebidos.

 

No Espírito Santo, o protesto chegou a afetar o abastecimento nos supermercados e os produtos ficaram mais caros. Em um estabelecimento de Vitória, a batata, produto que vem de Minas Gerais, passou de R$ 1,69 para R$ 1,99. Em outro supermercado, também na capital, ainda não havia falta de mercadorias. Entretanto, os estoques estavam chegando ao fim.

 

Segundo o gerente de logística de um supermercado de Vitória, Clebesmar Viana, desde o início da paralisação o número de caminhões que abastecem o estabelecimento caiu quase pela metade. "No primeiro dia de protesto, a previsão era de 40 caminhões abastecendo a nossa rede, mas apenas 25 chegaram", disse Viana.

 

"O impacto é para todo mundo (setores da indústria)... mas ainda é coisa pequena", disse o presidente da União Nacional dos Caminhoneiros, José Araújo China da Silva, após reunião com o ministro dos Transportes, Paulo Passos. Segundo ele, as regiões mais afetadas pelos bloqueios estão no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.

 

Bloqueios. Ontem, ao longo do dia, manifestantes contrários ao texto da regulamentação da profissão protestaram à margem ou bloquearam rodovias no Rio Grande do Sul. Levantamento da Polícia Rodoviária Federal indicava que pelo menos 21 trechos de rodovias haviam sido interditados parcial e temporariamente pelos manifestantes.

 

Em São Sepé e Pelotas, houve queima de pneus nas rodovias durante a madrugada. Em vários outros pontos, houve panfletagem e, em alguns deles, motoristas que tentaram seguir viagem tiveram veículos apedrejados.

 

O maior protesto ocorreu na BR-101 em Três Cachoeiras, perto da divisa com Santa Catarina. Motoristas forçaram os colegas a parar numa das faixas da rodovia por quase toda a manhã, formando uma fila de caminhões com dez quilômetros em cada sentido. A rodovia só foi liberada no fim da manhã.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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