Quilo, que já custou R$ 1,48 em março, não saiu por menos de R$ 4 em julho
Ele chegou a custar R$ 1,48 o quilo em março deste ano - conforme pesquisa feita pelas Vigilantes do Preço, do Procon de Blumenau-, mas hoje o consumidor não consegue encontrar o mesmo quilo por menos de R$ 4.
O tomate está pesando no orçamento familiar e é responsável pela alta nacional do grupo Alimentação, segundo a Fundação Getulio Vargas.
Em pesquisa de preço feita pelo Santa na segunda-feira em cinco dos grandes supermercados de Blumenau, o preço do quilo do tomate longa vida ficou entre R$ 4,48 e R$ 7,68.
Conforme o Instituto Furb, que acompanha o Índice de Variação Geral de Preços (IVGP) na cidade, o produto teve uma variação de 5,21% em junho. Praticamente o dobro da variável do custo da cesta básica, que ficou em 2,55%.
Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), o tomate, que precisa de calor para o cultivo, sempre sofre com o aumento no preço no inverno, pois nesta época o Estado não produz quantidade suficiente para atender à demanda interna.
A compra da produção de outros estados também encarece o custo final - Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo são os principais fornecedores na entressafra catarinense.
Mas apesar da alta em julho já ser prevista, este ano o aumento foi maior que o de outros invernos. Dados da Central de Abastecimento (Ceasa) de São José - que abastece feirantes e comerciantes da região - mostram que em julho deste ano a caixa de tomate para o produtor custou 97% a mais que no mesmo período no ano passado.
Em julho de 2011, a caixa de 20 a 23kg de tomate longa vida custava R$ 33,75; no mês passado, a média ficou em R$ 66,59.
Ligia Malkowski, que trabalha em distribuidora de frutas e verduras no Ceasa de Blumenau, sentiu o preço disparar há cerca de 20 dias. Ligia reforça que os principais fatores para a alta são o clima - tem chovido muito no interior de São Paulo, região de onde vêm os tomates que chegam a Blumenau nesta época do ano - e o período de baixa colheita no Estado.
O fato de as safras serem controladas por poucas empresas também é apontado por Ligia como um dos problemas que influenciam no preço do quilo. Tanto os produtores rurais quanto os distribuidores estão reduzindo os lucros a quase zero para segurar os preços e, por consequência, os clientes. Tributação e transporte também pesam no custo da fruta.
— Ano passado já aconteceu esse aumento e depois voltou ao normal. Acredito que o preço deve baixar lá por setembro, quando a safra e o clima melhoram — estima Ligia.
Alta no país é a maior em 18 anos
A alta do preço do tomate não é um problema que ocorre somente na região. Conforme a Fundação Getulio Vargas (FGV), o fruto subiu 93,12% no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) em julho, a maior taxa mensal desde a implantação do Plano Real, em 1994. No mês anterior, o preço do tomate havia subido 10,38%.
Produtor de tomate em Águas Mornas, na Grande Florianópolis, Leomar Mees aponta três fatores para o quilo estar muito mais caro neste ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado: o preço baixo no verão, a chuva que prejudicou as plantações em Minas Gerais e o transporte rodoviário, devido à greve dos caminhoneiros. As más condições climáticas que os produtores enfrentaram também influenciou na qualidade do produto.
Veículo: Jornal de Santa Catarina