Monitoramento crescerá com nova lei

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O setor de monitoramento de veículos pode crescer mais de um dígito no Brasil nos próximos dois ou três anos, quando começarem a ser sentidos os efeitos da Resolução 245 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a qual determina que carros, caminhões e motos devem sair de fábrica já com rastreadores. Há hoje cerca de 1,5 milhão de carros de passeio e 500.000 caminhões monitorados no País. Ainda assim, só o roubo anual de automóveis por aqui corresponde à produção de um ano de uma montadora, ou seja, 400.000 unidades.

O grande obstáculo à disseminação do monitoramento no Brasil é o custo do equipamento, que oscila entre R$ 500 e R$ 600. A boa notícia é que a massificação dos rastreadores que a lei trará deve fazer com que o preço unitário destes aparelhos caia para perto de R$ 180, ou até menos. A atividade irá receber uma multidão de potenciais novos clientes - e, de quebra, talvez ocorra a diminuição de um flagelo do País: o roubo de cargas. Outro possível e desejável efeito colateral da medida: o seguro de automóveis no Brasil poderá ficar mais barato.

Cyro Buonavoglia, presidente da Associação de Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento, a Gristec, está cautelosamente otimista. "A entrada em vigor da Resolução já foi adiada cinco vezes; desta vez, tenho a impressão de que os prazos serão mantidos, finalmente", conta ele. Estes prazos a que ele se refere são os seguintes: a partir de janeiro de 2013, 20% de todos os automóveis e caminhões precisarão sair da fábrica com sistemas de bloqueio e rastreamento; em agosto, 100% destes veículos precisarão contar com os mesmos. Já as motos terão todas de sair das fábricas já "chipadas", como se diz no meio, em janeiro de 2014.

Web e celular

As empresas de rastreamento no Brasil já começaram a investir, de olho na expansão do mercado. A Sascar, uma das grandes players do setor, criou uma ferramenta que permite a inicialização, via Internet ou celular, do equipamento instalado no veículo do motorista. Com este sistema, a companhia abate em 20% seus custos e aumenta a produtividade do processo de instalação e renovação de equipamentos em 23%. Por sinal, a Sascar acaba de gastar mais de R$ 500 mil na modernização de seu site, em resposta ao crescimento das consultas ao mesmo.

Já o Grupo Tracker resolveu investir no patinho feio do setor: o monitoramento de motos. Relativamente fáceis de serem roubadas e difíceis de serem recuperadas, elas são um desafio para as companhias. A empresa criou um aparelho, o Tracker Moto, específico para motocicletas. Pequeno, resistente a temperaturas elevadas, trepidações, água, poeira e com pouca necessidade de energia, o dispositivo é imune à ação de jammers (inibidores de sinais) e permite a uma moto ser encontrada até mesmo em túneis, garagens, galpões e subsolos.

Tanto investimento em monitoramento traz um alívio às seguradoras, que enxergam o segmento de veículos como problemático, para dizer o mínimo. "Há 15 anos, só 4 companhias de seguros atuavam no setor automotivo e, destas, 5 queriam deixá-lo", brinca Buonavoglia. Foi a época, lembra ele, em que as quadrilhas que assaltavam bancos migraram para o roubo de cargas e de automóveis. Hoje a situação melhorou um pouco - mas não muito. (Ver box ao lado)

Com a nova norma espera-se que o setor nacional de monitoramento experimente uma sólida expansão, ainda que os consumidores não sejam obrigados a contratar o serviço - apenas os veículos já sairão das montadoras com os chips instalados. As companhias continuarão concorrendo entre si pelos clientes; a mensalidade de um serviço de monitoramento é de R$ 50 mensais, aproximadamente. E há, é claro, boas chances de que os carros novos encareçam um pouco em função da nova lei. No começo, as montadoras provavelmente usarão seus modelos de luxo para preencher a cota de 20% de veículos obrigatoriamente "chipados", de forma a testarem antes o mercado sobre o aparelho.

A polêmica do cadastro

Enquanto isto, uma outra questão tem tirado o sono dos empresários de monitoramento: as contestações na Justiça ao cadastro de motoristas de caminhões, criado para evitar que indivíduos que já tenham sido condenados por crimes ou cujos veículos estejam sob mandato de busca e apreensão trabalhem na atividade. As companhias respondem atualmente a incontáveis processos de pessoas que se dizem perseguidas e impedidas de trabalhar por terem seu nome no cadastro.

"Hoje o preço do seguro corresponde a algo entre 12% e 14% do valor do frete; se o cadastro cair, esta porcentagem deve subir para perto de 30%, encarecendo tremendamente a logística do setor", diz Buonavoglia. Embora as empresas estejam vencendo a grande maioria das disputas judiciais que surgem, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não deu a palavra final a respeito. Alumínio, cobre, remédios, cigarros, eletroeletrônicos e pneus são as cargas mais visadas nas rodovias nacionais. "As companhias de rastreamento continuam investindo em tecnologia, mas estão preocupadas com a insegurança jurídica que ronda a atividade", explica Buonavoglia, apreensivo.



Veículo: DCI


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