Varejo posterga pedidos para o Natal

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Estratégia adotada pelo comércio tem levado industriais a reduzirem as expectativas de crescimento.


O momento de incertezas na economia mundial e o alto índice de endividamento do consumidor irão impactar na preparação para o Natal do comércio e, conseqüentemente, prejudicarão a indústria mineira. As encomendas, que tradicionalmente são feitas no início do segundo semestre, serão diluídas ao longo dos próximos meses em decorrência de uma maior cautela por parte dos comerciantes. A estratégia adotada pelo varejo tem levado os industriais de vários segmentos a reduzirem as expectativas de crescimento para a melhor data de vendas do ano.

O economista da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Gabriel de Andrade Ivo, explica que o momento econômico tem gerado uma atitude cautelosa por parte dos comerciantes. Isso porque um erro no cálculo dos estoques voltados para o Natal podem impactar negativamente no faturamento da empresa no fechamento do ano.

A dúvida principal dos comerciantes é se a melhor data de vendas do varejo será de fato impactada pela alta inadimplência e pela desaceleração geral vivida pela economia nacional. Dados da Fecomércio Minas mostram, por exemplo, que os estoques mantidos nas lojas estão acima do esperado para uma maior quantidade de empresários neste ano frente ao anterior.

Enquanto em 2011, 81% dos empresários estavam com estoques em níveis ideais, em 2012, o percentual caiu para 75%. "Isso reflete o otimismo do empresário, contrastando um pouco com a capacidade de compra do consumidor que está inadimplente. Justamente para evitar esse tipo de equívoco, as encomendas ocorrerão mais lentamente neste ano", afirma.

Para a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Ana Paula Bastos, o estoque a ser formado pelos comerciantes vai depender do comportamento do consumidor nas próximas datas comemorativas. O Dia dos Pais e o Dia das Crianças, que antecedem o Natal, deverão servir como um termômetro para o comércio do Estado. Caso as vendas surpreendam positivamente, a tendência é que as encomendas acelerem nos próximos meses.

Além disso, a antecipação do 13º salário será outro indicativo sobre como serão as vendas futuras. Isso porque há chances de muitos consumidores aproveitarem o recurso extra para quitar as dívidas. Caso isso ocorra e leve a redução considerável do nível de inadimplência no Estado, há chances de as vendas acelerarem no fim do ano, já que os mineiros voltarão a serem aptos a consumir.

Porém, a decisão de ampliação dos estoques não pode ocorrer muito tardiamente sob pena de não haver possibilidades de serem atendidas pela indústria. Isso porque há segmentos que necessitam de um maior tempo para produção. Os comerciantes mais "atrasados" poderão também perder o poder de negociação quanto a preços junto aos fornecedores. Isso pode impactar no valor de venda da mercadoria que, se for acima do esperado pelo consumidor, poderá ficar sem o giro esperado.


Indústria estima produção menor

O economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Paulo Casaca, explica que uma quantidade de encomendas menor, somada ao baixo nível de produção registrado até o momento pela indústria mineira, deverá levar o setor a um fechamento de ano sem crescimento frente ao anterior.

E o Natal do ano passado já não havia sido positivo para a indústria mineira, conforme aponta o PIB industrial do terceiro trimestre de 2011. No período, marcado pelo atendimento às encomendas voltadas para o Natal, teve um PIB industrial 0,1% menor que o mesmo período de 2010.

O presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malhas no Estado de Minas Gerais (Sindimalhas-MG), Flávio Roscoe, estima uma produção cerca de 4% inferior neste ano frente ao anterior. "Além de encomendar menos neste ano, o varejo dá preferência para os produtos importados.  muito mais fácil cancelar a compra de produtos nacionais do que aqueles vindos do exterior, que são pagos com antecedência", afirma.

O proprietário da Cromic Indústria e Comércio de Calçados Ltda, Júnior César Silva, revisou a expectativa de crescimento no Natal para baixo em decorrência da queda na demanda.

Se no início do ano ele apostava um crescimento de 10%, agora busca pelo menos manter o mesmo nível de produção alcançado no ano passado. Nós diversificamos a linha que era só esportiva e agora tem opções de sapatos femininos também. Por isso acho que não deveremos registrar queda", afirma.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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