Após os fundos de private equity Pátria e Blackstone desistirem do aporte de R$ 500 milhões por 40% da Vulcabras|azaleia, a fabricante brasileira de calçados agora tenta uma reestruturação com Cláudio Galeazzi e sua consultoria. Caso o aporte fosse concluído havia uma forte possibilidade de o Pátria assumir a gestão da companhia que acumulou uma dívida líquida de R$ 1 bilhão em 2011.
O executivo Milton Cardoso, há 15 anos na presidência executiva, deixou a companhia. "Estou saindo por motivos pessoais. Não sei as razões da desistência do Pátria. As conversas foram tratadas com o acionista", disse Cardoso.
Para o seu lugar chega Pedro Grendene Bartelle, maior acionista e sócio e, até então, presidente do conselho da Vulcabras.
Do montante de R$ 500 milhões, um terço viria do Pátria que normalmente faz investimentos de até R$ 100 milhões e o restante da americana Blackstone, segundo fontes do setor. Se a operação tivesse sido concluída, o Pátria e o Blackstone seriam os primeiros fundos de private equity a entrar na indústria de calçados no Brasil. Há cinco anos, a Vulcabras apresentava uma boa situação financeira, tendo adquirido na época a Azaleia.
Os recursos serviriam para dar fôlego à fabricante brasileira, dona das marcas de tênis Olympikus e Reebok, que enfrenta concorrência acirrada com os calçados esportivos produzidos na Ásia. Praticamente todas as gigantes como Nike, Adidas e Puma produzem calçados nos países asiáticos.
Essa briga foi inclusive uma das principais bandeiras da gestão de Cardoso. Desde o ano passado, o calçado chinês tem uma tarifa antidumping de US$ 13,85 por par. Mas, após essa taxação, segundo Cardoso, os calçados passarem a ser produzidos em outros países asiáticos como Vietnã, Indonésia, Malásia em uma operação denominada "triangulação". O executivo continua como presidente da Abicalçados.
Em 2011, o setor também foi surpreendido com o anúncio de que a Vulcabras estaria em tratativas com uma fabricante da Índia para produzir partes do calçados no outro país, mas essas negociações não avançaram.
No ano passado, a fabricante de calçados fechou com prejuízos de R$ 316 milhões. Além disso, demitiu 8,9 mil funcionários e fechou uma fábrica em Parobé (RS) e outras seis unidades fabris na Bahia. Nos três primeiros meses do ano, a última linha do balanço voltou a apresentar resultado negativo de R$ 38 milhões.
A Vulcabras tentou uma oferta primária de ações que marcaria sua migração para o Novo Mercado no início de 2011. A operação não avançou e desde então, o valor de mercado da companhia caiu de quase R$ 2 bilhões para R$ 512 milhões, em abril deste ano.
Veículo: Valor Econômico