Café perde qualidade nesta safra

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Negociações do grão em Minas seguem em ritmo lento, puxando a retomada dos preços.


As chuvas registradas entre maio e a primeira semana de julho atrasaram a colheita do café em Minas Gerais, o que tem reduzido tanto a qualidade como a oferta do grão. Segundo o levantamento da consultoria Safras & Mercado, as negociações da safra 2012/13 de café no Estado seguem em ritmo lento, com volume inferior ao comprometido em igual período produtivo anterior.

De acordo com os dados de Safras, no acumulado da safra até 20 de julho, cerca de 5 milhões de sacas de 60 quilos de café já haviam sido negociadas em Minas Gerais. O volume representa 20% do total estimado para a produção mineira, que será de 28,3 milhões de toneladas. Em igual período do ano passado, a comercialização abrangia 28% da safra total.

No Cerrado mineiro a comercialização já comprometeu 22% da produção estimada em 6 milhões de sacas, ritmo inferior aos 27% registrados em igual período anterior. Na Zona da Mata, das 7 milhões de sacas a serem produzidas na safra atual, cerca de 1,5 milhão de sacas já foram negociadas, o que representa 20% do total, frente aos 27% negociados no período produtivo passado.

A comercialização inferior também foi observada na média brasileira. Os dados da Safras & Mercado mostram que a negociação da safra de café do Brasil 2012/13 até 20 de julho atingiu 20%. Como comparação, ao final de junho do ano passado, a comercialização estava em 25% da safra 2011/12. Ao final de maio, as vendas eram de 13% da safra.

Ao todo foram comercializadas 11,23 milhões de sacas de 60 quilos, tomando-se por base a estimativa da consultoria, que estipula um volume de produção na safra 2012/13 de 54,9 milhões de sacas de café.

Com o ritmo mais lento da colheita a oferta de café no mercado também é menor, o que tem contribuído para a retomada dos preços, que desde o início do ano apresentavam desvalorização. A queda na cotação é justificada pela estimativa de uma safra bem maior que a colhida no ano anterior.


Qualidade - Segundo o gerente de Comercialização da Cooperativa dos Produtores da Zona de Varginha (Minasul) no Sul de Minas, Marco Antônio Bíscaro Moreira, as chuvas registradas entre maio e a primeira quinzena de julho prejudicaram o ritmo da colheita e reduziram a qualidade dos grãos. Com a menor oferta, os preços do café foram impulsionados, e hoje estão em torno de R$ 420 por saca de 60 quilos, o que significa alta de 10,5%, frente aos valores praticados em junho.

De acordo com os dados da Safras, no Sul e Oeste do Estado, a comercialização do café atingiu, até 20 de julho, 20% da produção estimada em 15,3 milhões de sacas. No mesmo período da safra passada o volume negociado representava 29% da produção.

"O ritmo de venda nesta safra está mais lento devido a menor oferta e pela qualidade inferior dos grãos, porém a demanda ficou maior ao longo da primeira quinzena de julho, o que impulsionou os preços. O cenário para o café ainda é incerto, uma vez que dependemos do mercado internacional, que está em crise, para que os preços se mantenham lucrativos", avalia Moreira.

A lentidão nas negociações também foi observada na Cooperativa dos Pecuaristas, Agricultores e Cafeicultores de Minas Gerais (Copacafé), localizada em Perdões, no Cento-Oeste mineiro. Segundo o gerente José Carlos de Jesus, as chuvas prejudicaram significativamente a colheita. A estimativa é que até 27 de julho, cerca de 30% do café já havia sido colhido, enquanto na safra anterior o índice era de 50%.

"As negociações da safra atual ainda estão muito baixas. Além do atraso na colheita, a qualidade do café é inferior, com isso os compradores estão preferindo adquirir o café remanescente de 2011. As vendas da safra atual deverão ser impulsionadas a partir de setembro, período de encerramento da produção", disse de Jesus.

Preços - O aumento dos preços do café e a possibilidade de novas chuvas têm incentivado os trabalhos dos produtores da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), no Sul do Estado. De acordo com o diretor Comercial da cooperativa, Nivaldo de Melo Tavares, os trabalhos de colheita foram intensificados e as máquinas estão trabalhando 24 horas por dia. Até o momento cerca de 40% da produção já foi colhida, frente aos 70% registrados nos anos anteriores.

"Com o excesso de chuvas cerca de 30% dos grãos caíram, o que reduziu a produtividade e qualidade do café. Diante das estimativas de mais chuvas, os produtores optaram por incrementar o ritmo de colheita e aproveitar os grãos que ainda estão nos pés e que possuem qualidade superior. O objetivo é conseguir preços mais lucrativos no mercado", ressalta Tavares.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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