Os estoques mundiais de algodão estão em alta e atingem os maiores patamares em 40 anos. Os fortes investimentos feitos pelos produtores em 2010 e 2011, devido aos preços recordes atingidos pela fibra, elevaram o volume mundial de oferta.
Essa maior oferta ocorre exatamente em um período em que a economia mundial entra em desaceleração, devido aos problemas vividos pela zona do euro.
Os efeitos dessa crise econômica mundial respingam no setor de algodão. Os dados mais recentes das indústrias indicam menor industrialização e a consequente elevação dos estoques mundiais. O reflexo é a queda dos preços do produto.
No mercado interno, o cenário é um pouco diferente. Os estoques remanescentes da safra anterior e a estimativa de bom volume neste ano fizeram com que as indústrias diminuíssem as compras, queimando estoques.
O clima está retardando a safra, no entanto, forçando as indústrias a refazer estoques antes do que esperavam, segundo Lucilio Alves, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Quando houver aumento no ritmo de beneficiamento interno dessa matéria-prima, os preços devem ceder mais, a menos que sejam sustentados pelas exportações.
As vendas ao exterior vão bem, e atingiram 1 milhão de toneladas nos últimos 12 meses.
Alves diz que, além da boa possibilidade de exportações, o setor de algodão conta com a capitalização dos produtores, que também investem em soja e em milho, produtos que estão com boa remuneração.
Com isso, esses produtores teriam fôlego para sustentar mais os estoques da fibra e se desfazer do milho e da soja.
A produção mundial de algodão deve atingir 27,1 milhões de toneladas na safra 2011/12, 8% mais do que na anterior. A redução do consumo para 22,7 milhões deve elevar os estoques para 13,6 milhões de toneladas.
O primeiro contrato atingiu 70,44 centavos de dólar por libra-peso ontem em Nova York, 34% menos do que há um ano.
Veículo: Folha de S.Paulo