Para mais de um terço dos brasileiros (35%), comida saudável é sinônimo de porção menor. No mundo, 26% pensam o mesmo: para usufruir de uma dieta equilibrada, é preciso comer menos. Os dados pertencem à pesquisa World Menu Report, levantamento feito pela Unilever Food Solutions no Brasil e em mais nove países - Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, China, Rússia, Turquia, Polônia, África do Sul e Indonésia.
A ideia de uma porção menor vinculada à alimentação saudável indica o quanto o brasileiro se preocupa com a balança e procura conciliar seus interesses. "O consumidor não quer deixar de comer o que gosta, uma feijoada, por exemplo, mas gostaria que esse prazer fosse controlado com uma porção menor", diz Shelida Barcellos, diretora da Unilever Food Solutions - braço da multinacional voltado à alimentação fora do lar ("food service"). A pesquisa apontou que 39% dos brasileiros pensam duas vezes antes de optar por um prato saudável, com medo que ele não seja saboroso.
O trabalho da Unilever Food Solutions, que abastece e presta consultoria a bares, restaurantes e lanchonetes, é desenvolver o conceito de "nutrição atraente", que significa manter a atratividade, o sabor e o apelo visual do prato preferido com mudanças que reduzam o seu teor de gorduras, açúcar, sódio e calorias. Como exemplo, Shelida indica marinar os alimentos com ervas em vez de sal, adicionar folhas verdes aos sanduíches e escolher cortes de carne mais magros.
"44% dos brasileiros encaram o comer fora como um ato de indulgência, um índice alto, mas bem menor que a média mundial, de 71%", diz ela. "Essa diferença mostra o quanto os consumidores no Brasil se preocupam também com a saúde e não estão interessados apenas em ter prazer à mesa".
Os brasileiros são o povo que mais pede para trocar ingredientes no prato por algo mais saudável: 30% sempre fazem isso e 36% o fazem às vezes. É o caso de pedir, por exemplo, batata cozida no lugar da frita. Quem menos solicita essa troca são os alemães: 53% nunca ou raramente pedem isso.
Depois dos indonésios, os consumidores brasileiros são os que mais procuram por itens de apelo saudável no menu (32% sempre o fazem e, 42%, procuram às vezes). Os que menos têm essa disposição são os russos: 22% nunca procuram algo mais saudável e 39% raramente o fazem.
Em relação à amostra global, 66% gostariam de encontrar opções um pouco mais saudáveis nos restaurantes. Na opinião dos entrevistados, os estabelecimentos deveriam incrementar o menu com mais vegetais, crus ou cozidos (resposta de 34%), diminuir a gordura (32%), oferecer porções menores (26%), alimentos grelhados (22%) e ingredientes frescos (20%).
Realizada em parceria com a agência de pesquisas Brainjuicer, a pesquisa foi feita no primeiro semestre com 5 mil entrevistados de 18 a 64 anos, que comem fora pelo menos uma vez por semana.
Veículo: Valor Econômico