Frete pode ter reajuste de até 52% com nova lei

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Legislação gera maior gasto com mão de obra e reduz produtividade.


A Lei Federal 12.619, que regulamenta a profissão de motorista, associada aos aumentos do diesel e dos salários no setor, provocará um reajuste entre 28% e 52% nos fretes das transportadoras. Isso porque a nova legislação implicará em maior gasto com mão de obra, além de gerar perda de produtividade. A estimativa é do presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Pedrosa.

Segundo ele, a variação do frete não ocorrerá de forma idêntica em todo o segmento por causa das diferenças de atuação de cada empresa. O reajuste de transportadoras que atuam com carretas, por exemplo, será diferente do promovido por aquelas que possuem caminhões de menor porte. O aumento do preço em transportadoras que atuam apenas dentro de uma cidade será diferente também do praticado por aquelas que percorrem todo o país. Por essa razão, a base de aumento será extensa, entre 28% e 52%.

A lei, publicada no "Diário Oficial da União" em maio deste ano, é a principal responsável pelo reajuste do frete em proporções tão altas. Ela limitou a quatro horas o período em que os caminhoneiros podem dirigir sem intervalo. Passado esse intervalo, os motoristas devem parar por 30 minutos para descansar. A norma implica ainda em descanso de 11 horas a cada dois dias de trabalho.

Pedrosa explica que a lei implica em aumento dos custos em decorrência da redução da produtividade do veículo, com a obrigatoriedade de paradas regulares. Para se ter uma ideia do impacto, o custo de uma hora parada de uma carreta é de R$ 100. Com o aumento das paradas, esse impacto já é sentido imediatamente. "A nova lei vai reduzir a produtividade do caminhão em cerca de 30%. Isso deverá demandar investimentos na aquisição de novos veículos e na contratação de mais funcionários para podermos atender a mesma quantidade de clientes que atendemos atualmente", afirma.

Além disso, quanto mais tempo um caminhoneiro ficar na estrada, maior será o custo da mão de obra para a empresa. Além disso, está em andamento o processo de negociação do aumento dos salários dos motoristas, o que ajudará a onerar ainda mais o setor. E, segundo Pedrosa, o repasse dos custos adicionais no frete ocorrerá de forma integral, em decorrência das margens apertadas com que o setor já opera. Há cerca de cinco anos, o percentual de lucro era de dois dígitos. Agora, após as facilitações para aquisição de caminhões via financiamento e conseqüente aumento da frota, as margens passaram a ser de apenas um dígito, em decorrência do aumento da concorrência.

Negociação - O proprietário da Tora Logística, Paulo Sérgio Ribeiro, afirma já estar negociando junto aos clientes um reajuste no frete, mas não deu detalhes sobre possíveis percentuais de aumento. A empresa atende principalmente os setores petroquímico, automobilístico e siderúrgico. "Acho que os custos da logística brasileira, de modo geral, passarão por uma reestruturação. E isso será alavancado pelas mudanças propostas pelo próprio governo", afirma.

Para Ribeiro, uma das dificuldades que o setor enfrentará para reduzir os custos é o elevado tempo de espera para realização de cargas e descargas. Isso porque as empresas que demandam o transporte de cargas costumam deixar os caminhões parados horas antes de iniciarem o processo. Há casos isolados de empresas que começaram a adotar o agendamento para evitar a demora, mas são poucos os casos.

Já o diretor de operações da Moving Brasil, Felipe Pedrosa, explica que a empresa pretende, inicialmente, arcar com o aumento dos custos. Porém, quando passar a valer o novo salário dos funcionários, o frete terá que ser reajustado. "A mão de obra é hoje um dos nossos maiores custos.  difícil segurar um aumento", afirma.

O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Minas Gerais, José Carneiro, teme que os clientes não consigam pagar um frete com reajuste de até 52%. "Nós teremos que reajustar, mas não sei se a economia nacional aguenta absolver esse aumento. O setor siderúrgico, por exemplo, já está sofrendo por causa da crise. Como vão aguentar pagar mais pelo transporte?", pondera.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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