Estratégia burla medida que obriga essas empresas a registrar os dados de quem gasta mais de 1.000 pesos
Supermercados argentinos têm dividido em dois os recibos das compras que excedem o limite de 1.000 pesos (cerca de R$ 441). Assim, tentam evitar uma criticada norma aprovada nos anos 90.
Quando foi criada a regulamentação, durante o governo de Carlos Menem, o teto era de 250 pesos. O limite foi elevado para 1.000 pesos no ano passado -mas, com a inflação, tem sido comum consumidores excederem essa cota e terem de recorrer à estratégia de dividir as compras.
Caso contrário, os supermercados são obrigados a registrar os dados do comprador e disponibilizá-los para os inspetores da Afip (a Receita Federal da Argentina).
A Câmara de Comércio e a Associação de Supermercados pedem ao governo que aumentem esse limite, mas ainda não obtiveram resultado.
"A divisão do recibo é absolutamente certa. As redes tratam de evitar conflitos com os clientes", diz o gerente de uma das principais companhias ao jornal "Clarín".
"O que acontece é que essa prática tornou-se habitual. Antes, uma compra de 1.000 pesos era rara", afirma. "Agora, por causa da inflação, os carrinhos de supermercado passam dos 1.000 pesos muito antes de estarem cheios."
SOB CERCO
O governo da presidente Cristina Kirchner intensificou nesta semana a restrição à compra de dólares no país.
Até então, havia a exigência de que a compra fosse feita mediante a apresentação de uma passagem aérea.
De acordo com medida publicada anteontem pela Afip, turistas agora só poderão comprar a moeda do país de destino -por exemplo, para viajar ao Brasil, terão de comprar reais. Ao Japão, ienes.
Desde o ano passado, o governo argentino tem tentado combater o costume local de comprar dólares para guardar, já que a moeda norte-americana é vista como mais confiável do que a argentina.
As restrições têm fomentado, porém, o mercado paralelo de moedas, apelidado de "blue" na Argentina.