Azeite: Consumo sobe, mas uso é equivocado

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Em dez anos o consumo do azeite cresceu mais de 35% somente na Europa, responsável por 80% da sua produção mundial. Nos EUA o consumo cresceu em 100% nos últimos dez anos e, em países como o Brasil, até 60%. Mas nem por isso o consumidor sabe como usá-lo, muitas vezes simplesmente substituindo o óleo para frituras normal pelo azeite, sem se beneficiar do produto para a saúde.

Atentos às questões levantadas pelos pequenos produtores, o Conselho Oleícola Internacional (COI), com sede em Madri, está lançando este ano campanhas a favor do azeite na China, no Brasil e na Índia, considerados os maiores mercados em potencial para o produto. Em terceiro lugar no ranking de importadores de azeite mundial, com cerca 8,5% do total, o Brasil já detém uma faixa significativa do mercado de azeite.

Um dos desafios em colocar o azeite nesses países é o ainda baixo poder aquisitivo da população, de certa forma incompatível com o alto custo de produção do azeite extravirgem. Mas, segundo o diretor-executivo do COI, Jean-Louis Barjol, trata-se de um desafio facilmente contornável, uma vez que as classes média e alta vêm crescendo rapidamente, com mais instrução e a consequente atenção à saúde e à alimentação.

"Há todo o tipo de azeite disponível no mercado para todos os gostos, o importante será o consumidor entender o que está comprando, como usá-lo da melhor maneira possível e assim poder apreciar e fazer parte da cultura milenar do azeite", explica Barjol.

Observa-se no metiê de azeite que o excesso de estoques na Europa nos últimos dois anos, provocado por incentivos agrícolas ao produto pela União Europeia, tem levado à vertiginosa queda de preços. Sem que haja qualquer alívio nos custos operacionais para o pequeno e médio produtor, o azeite custa hoje cerca de US$ 2,30 a tonelada, de US$ 2,85 a tonelada há um ano. É o preço mais baixo em nove anos, segundo a Bloomberg.

Como paliativo, a União Europeia comprará até o final deste verão europeu cerca de US$ 24 milhões para sustentar o mercado pelo menos até que outras vendas possam ser feitas para outros mercados. Esse tipo de ajuda, além da falta de garantia da origem e qualidade do produto, tem levado países como o Brasil a questionar a política azeiteira europeia.

Em 1º de agosto, para mal estar de muitos exportadores europeus, o Brasil introduziu diretriz para o exame arbitrário do azeite que entra no país, de forma a identificar não só a sua origem, mas também a sua qualidade. A diretriz brasileira não será novidade para o produtor europeu, já que a própria UE exige extensos testes de controle de qualidade, requisito para o rótulo europeu na embalagem.

Há quem acredite que a motivação do Brasil nada tenha a ver com o consumidor. Segundo o site dos produtores espanhóis, o país - ou pelo menos o Mercosul - ambiciona tornar-se produtor mundial e começa a adotar medidas protecionistas.

Barjol afirma não acreditar nessa tese. Ele lembra que a bacia do Mediterrâneo é responsável por 97% da produção mundial de azeites e 94% das exportações.

"Portanto não há ainda competição por parte dos novatos," diz Barjol. "Mas, do ponto de vista das importações, os novos mercados são de enorme valor para o exportador, já que tendem a superar o mercado europeu, principalmente em um momento de crise econômica", analisa.

Otimista, Barjol prevê que o mercado de azeite crescerá a um ritmo de 2% a 3% ao ano nos próximos dez anos, abrindo espaço até para produtores locais sem fazer ondas na Europa.



Veículo: Valor Econômico




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