Diante da forte queda na oferta de café de alta qualidade, produzido pelos associados da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), no Sul do Estado, a entidade decidiu suspender a comercialização da safra atual. As negociações para novos contratos de exportação do grão só serão retomadas a partir de setembro, período em que a cooperativa terá o balanço final da produção e da qualidade.
Segundo o superintendente de Mercado Externo da Cooxupé, Joaquim Libânio Ferreira Leite, a decisão de suspender a comercialização da safra atual foi tomada depois das perdas ocasionadas pelo excesso de chuvas registrado entre maio e junho. Somente os contratos anteriormente assinados serão atendidos no momento. A produção esperada para a safra 2012 é de 5 milhões de sacas.
"Nós tivemos muita chuva entre maio e junho e devido a isso levantamos que entre 25% e 30% da safra atual está no chão. Esse café está praticamente perdido em ternos de qualidade e estamos torcendo para que entre agosto e setembro não tenha mais chuvas, o que, se acontecer, será um desastre total. Neste momento, só estamos atendendo as exportações de programas de longo prazo, firmados anteriormente. Isso por termos condições de garantir o fornecimento dos grãos de qualidade. Em uma safra de 5 milhões de sacas se tivermos 50% de café fino já será o suficiente para atender esses clientes", observa.
Ainda segundo o representante da Cooxupé, a decisão de suspender as negociações com o mercado se deve às incertezas em relação à qualidade do grão a ser fornecido.
"No final de agosto teremos um quadro mais claro e retomaremos as negociações. A colheita deverá se estender até meados de setembro, hoje já colhemos 50% da safra e até lá será possível estimar o volume de cafés de alta qualidade. Optamos por suspender para preservar os clientes e evitar a frustração, caso o volume e a qualidade não sejam satisfatórios para atender os contratos", ressalta.
Umidade - Segundo Libânio, as chuvas prejudicaram profundamente a safra 2012, atingindo desde os grãos que estão no chão até os que ainda serão colhidos. A produção também tem sido afetada pelo aumento da umidade, que favorece a proliferação de fungos reduzindo a qualidade final do produto.
Para evitar o aumento dos prejuízos, produtores da Cooxupé estão acelerando o ritmo de colheita. De acordo com os dados da cooperativa, nos últimos 20 dias, não foram registradas precipitações, o que favoreceu o processo.
"Estamos torcendo para que a estiagem se prolongue até setembro, quando a colheita deverá ser encerrada. O cenário em que vivemos atualmente é de agonia, quando conversamos com os produtores todos falam que esta é a colheita mais difícil da vida deles, nunca se viu uma safra tão complicada", enfatiza.
Segundo Libânio, o volume a ser produzido pela Cooxupé na safra atual será mantido, porém a qualidade será menor. "Normalmente de todo o café produzido pelos cooperados cerca de 80% são classificados como finíssimos, mas este ano o índice será de apenas 56% das 5 milhões de sacas".
A queda na qualidade do café impacta diretamente na rentabilidade dos produtores, promovendo perdas financeiras e comprometendo a capacidade de investimento na cultura. A expectativa é que os preços, mesmo dos cafés de baixa qualidade, sejam ampliados ao longo dos próximos meses. "Não sabemos como o mercado vai funcionar, mas esperamos a valorização dos grãos, até mesmo os de menor qualidade, já que grande parte da safra foi comprometida e os estoques são baixos", observa.
De acordo com os dados da Cooxupé, os preços pagos pela saca de 60 quilos do café de menor qualidade estão variando entre R$ 250 e R$ 300, enquanto o mesmo volume de grãos finos é negociado em torno de R$ 450.
Veículo: Diário do Comércio - MG