Ferrovia ligará porto de Rio Grande a São Paulo

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A parcela do Rio Grande do Sul no pacote de investimentos de R$ 133 bilhões em infraestrutura, anunciado ontem pelo governo federal, inclui uma demanda constante para alguns dos principais setores produtivos do Estado. Orçada em cerca de R$ 6 bilhões, a construção da ferrovia Norte-Sul, com 1,62 mil quilômetros, prevê a ligação do porto de Rio Grande a São Paulo, com passagem por Porto Alegre e também por Mafra, no Paraná. Além da aposta em um modal alternativo ao transporte de cargas, a conclusão da obra promete alterar a logística de escoamento da produção entre a região Sudeste e Sul do Brasil.

Entretanto, o traçado gaúcho, estimado em R$ 1,8 bilhões, dentro de um total de R$ 91 bilhões destinados a malha férrea, ainda precisa ser definido, conforme explica o secretário de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque. Segundo ele, a rota pode incluir municípios do Centro do Estado como Erechim, Passo Fundo e Carazinho, e outra possiblidade é a ligação direta com Porto Alegre, passando por Pelotas.

Presente no anúncio feito em Brasília, o vice-governador, Beto Grill, esclareceu que os aportes serão realizados em até 20 anos e que após a definição dos projetos e estudos de viabilidade, com prazo estipulado até dezembro, o objetivo é interligar o modal às principais rodovias e hidrovias para o Centro do País. A publicação do edital está marcada para maio de 2013 e os 10 mil quilômetros ferroviários devem ser concluídos em cinco anos, segundo projeções do Ministério dos Transportes. “Nossa obra está no grupo ainda em estudo, que deve ser concluído até fevereiro. A licitação será feita em junho do ano que vem e o contrato será assinado entre julho e setembro”, analisa Grill.

Na opinião do presidente da Fiergs, Heitor José Müller, a ferrovia foi uma “surpresa positiva”. De acordo com o dirigente, a obra corrigirá um trajeto que atualmente demanda um desvio de cerca de 900 quilômetros para cargas de Porto Alegre com destino ao porto de Rio Grande. “Se olharmos o nosso sistema ferroviário, temos de passar por Santa Maria antes de chegar a Rio Grande. Portanto, o trecho anunciado, passando por Santa Catarina e Paraná, é algo exponencial para aliviar a pressão sobre as nossas rodovias”, conclui.

Para o superintendente do porto de Rio Grande, Dirceu Lopes, o programa dialoga com a necessidade de combater o apagão logístico que prejudica o escoamento rápido e eficiente da produção brasileira. “Estender a ferrovia de São Paulo a Rio Grande demonstra uma visão ampla.”


Estado fica fora dos investimentos rodoviários

Se de um lado a inclusão do trecho de Rio Grande na ferrovia Norte-Sul foi comemorada no Estado, por outro, entre os 7,5 mil quilômetros de rodovias anunciados, não há um metro sequer de melhorias em estradas gaúchas.  O fato divide avalições e as justificativas para a não inclusão do Estado nos investimentos de R$ 42 bilhões em estradas pode encontrar explicação na política de revogação dos contratos de pedágios, deflagrada na esfera estadual para a criação de uma estatal responsável pela administração das praças já existentes.

Isso porque o plano apresentado pela presidente Dilma Rousseff é fundamentado em Parcerias públicas Privadas (PPPs) para a concessão da exploração da malha às empresas que oferecerem o menor valor de tarifa nos editais. “Com certeza essa não foi uma decisão técnica e passa por questões políticas. É inexplicável que o Rio Grande do Sul, justamente o estado que possui os maiores custos logísticos do País, não tenha sido contemplado com melhorias rodoviárias. Isso pressupõe uma questão ambígua no momento em que o Brasil se abre para outros modais de maneira bastante positiva”, analisa o diretor-executivo da Agenda 2020, Ronald Krummenauer, ao lembrar que, ao todo, apenas 200 quilômetros de estradas gaúchas possuem duplicação.

A impressão de Krummenauer é compartilhada pelo presidente da Fiergs, Heitor José Müller, que se diz decepcionado com o episódio. “Gostaria de ter visto mais coisas, porque na área das rodovias não fomos contemplados. Acredito que isso se deve a uma aversão aos pedágios por parte dos gaúchos”, avalia.
De acordo com o dirigente, é “inexplicável” que projetos de ligação rodoviária entre Porto Alegre e Caxias do Sul não apareçam no programa. “Não se entende como este polo ainda industrial não tem rodovia duplicada até a Capital. Estaria mais confortável com o anúncio se isso tivesse sido contemplado”, defende.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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