Em um movimento pouco comum no mercado internacional de grãos nos últimos meses, o trigo foi o responsável por puxar as altas ontem na bolsa de Chicago. Em meio à ausência de novidades quanto aos fundamentos de soja e milho, o cereal roubou a cena com as especulações de que o governo da Rússia poderá, em uma reunião do Ministério da Agricultura amanhã, anunciar algum tipo de embargo às exportações de grãos realizadas pelo país.
A possível decisão repetiria a medida tomada em 2010 pelo governo russo, que suspendeu os embarques de trigo depois dos prejuízos causados pela seca - que também acometeu o país este ano. No início de agosto, porém, autoridades russas vieram a público para negar o embargo.
Pedro Dejneka, analista da Futures International, acredita que a Rússia blefou. "O governo disse que tinha estoques suficientes e os preços reagiram negativamente. Mas, hoje [ontem], o mercado começou a precificar o temor em relação à reunião de sexta-feira", explica. Os papéis de trigo para dezembro (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) dispararam 30,25 centavos, a US$ 9,0575 por bushel.
Os preços da soja também registraram ganhos significativos. Os contratos com vencimento em novembro fecharam com valorização de 30,75 centavos, a US$ 17,53 por bushel. Para Dejneka, a soja é que deveria liderar a elevação nos preços dos grãos, já que é a que possui a maior tendência altista, com uma demanda que não arrefece nem mesmo com cotações recordes.
"Uma alta vigorosa como a de hoje deveria ser acompanhada por um bom volume de negociações, que foram apenas razoáveis hoje. Por isso, esse 'rali' da soja não me convenceu, ela foi muito mais seguidora do trigo", disse.
O milho, que está "sem convicção" para subir depois que as cotações elevadas começaram a colocar um freio na demanda, tirou proveito da carona do trigo. Os papéis com entrega em dezembro avançaram 18 centavos, a US$ 8,1350 por bushel.
Veículo: Valor Econômico