Prestes a completar dez anos no Brasil, a CHS, maior e uma das mais antigas cooperativas de produtores agrícolas dos Estados Unidos, quer aproveitar o crescimento da produção de grãos nas regiões Norte e Nordeste para dar seu grande salto no país.
Depois de vender sua participação na trading brasileira Multigrain para a japonesa Mitsui, no ano passado, a CHS deu partida a um programa de investimentos estimado em US$ 250 milhões (cerca de R$ 500 milhões) em ativos de logística.
Segundo o presidente da CHS no Brasil, Stefano Rettore, o objetivo é dar suporte aos ambiciosos planos de crescimento da operação brasileira, que prevê dobrar de tamanho nos próximos três anos. "Buscamos oportunidades em armazenagem, transbordo e portos", afirma.
A CHS origina e exporta cerca de 2 milhões de toneladas de grãos e distribui 300 mil toneladas de fertilizantes no território nacional, utilizando basicamente a estrutura de terceiros - uma estratégia insustentável, conforme seu presidente. "Para movimentar volumes maiores, precisamos de uma estrutura própria, sobretudo porque há carência de logística no país", justifica.
Os investimentos devem se concentrar principalmente no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A empresa deposita suas fichas no crescimento da produção de grãos na região conhecida como "Mapitoba" (acrônimo para o enclave agrícola entre Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), uma área tão promissora quanto carente de logística.
"É a região que mais vai crescer na produção de soja, milho e demanda por fertilizantes nos próximos anos", aposta. Na safra 2011/12, a região produziu cerca de 11,5 milhões de toneladas entre soja e milho.
A primeira parte desses investimentos já foi anunciada. Em maio, a companhia acertou a aquisição de 25% do Terminal Corredor Norte (TCN), joint-venture controlada pela empresa de logística NovaAgri, que vai construir e administrar um dos quatro lotes do novo Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no porto de Itaqui, em São Luis.
Com ligação à ferrovia Norte-Sul, o Tegram é considerado uma obra fundamental para o desenvolvimento do Mapitoba, que ainda exporta boa parte de sua produção pelos distantes portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). "Sem o porto, a região não tinha como expandir. Esse era o principal gargalo", afirma.
A expectativa é que o terminal entre em operação no fim de 2013, com capacidade inicial para exportar 5 milhões de toneladas - dos quais 1,25 milhão serão operadas pelo TCN. Na segunda fase de operação, a capacidade deverá dobrar.
Em julho, a CHS acertou a compra de 50% do capital da Andali Operações Industriais, empresa de industrialização e armazenagem de fertilizantes, com sede em Paranaguá (PR). Com a capitalização feita pela CHS, afirma Rettore, a companhia deverá fazer investimentos em Mato Grosso e no Mapito. "Queremos que a Andali se torne uma empresa nacional", afirma. A expectativa é que a empresa mais do que dobre a sua capacidade de processamento e armazenagem de fertilizantes nos próximos anos - de 400 mil para 1 milhão de toneladas.
A empresa anunciou ainda, no começo do mês, a compra da Atman, uma distribuidora de insumos e grãos de Goiânia (GO). Com a nova aquisição, CHS vai poder ampliar seus negócios de "barter" - operação na qual a empresa financia os produtores por meio da troca de insumos por grãos. A empresa movimenta cerca de 200 mil toneladas de grãos, com receita estimada em US$ 80 milhões.
A cooperativa não revela quanto desembolsou em cada um desses negócios, mas garante que o processo ainda está no começo. "As aquisições feitas até o momento são fundamentais, mas são só o primeiro passo de um processo que está longe de ser finalizado", afirma Stefano Rettore. A cooperativa espera fechar o ano com receita da ordem de R$ 1,5 bilhão no país, aumento de 35%.
Veículo: Valor Econômico