Concorrência entre culturas deve ocorrer na região Noroeste.
Apesar da valorização dos preços pagos pelo feijão em Minas Gerais, parte dos produtores do grão poderá migrar para as culturas do milho e da soja na primeira safra 2012/13. Os preços mais competitivos, a maior liquidez no mercado e as perspectivas de manutenção da demanda mundial em alta são fatores que contribuirão para os investimentos tanto no milho quanto na soja.
De acordo com o engenheiro agrônomo e extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), unidade Unaí, na região Noroeste do Estado, Reinaldo da Silva Martins, a concorrência entre as culturas deverá ocorrer na maior região produtora de feijão do Estado.
"Tanto o milho como a soja possuem maior liquidez no mercado e são itens negociados no exterior, o que garante mercado e preços aos produtores já que os estoques reguladores estão baixos.
No caso do feijão, pelo grão ser comercializado apenas no mercado interno, mesmo com os preços mais altos poderá haver migração já que os valores oscilam mais que os demais itens. A tendência é que os produtores priorizem na primeira safra de 2012/13 o plantio da soja precoce, o que possibilita o cultivo da safrinha de milho ou de feijão", avaliou.
Produtividade - O município de Unaí é o maior produtor de feijão de Minas Gerais, com volume anual de 112,2 mil toneladas. A área destinada na safra 2011/12, somando os três ciclos produtivos, alcançou 47 mil hectares. A produtividade média gira em torno de 2,3 toneladas por hectare. Atualmente os produtores estão colhendo a terceira safra do produto, que ficará 10% superior à gerada em igual período produtivo passado.
"Ao longo do ano os produtores de feijão se mantiveram capitalizados uma vez que a saca de 60 quilos do grão chegou a atingir o preço recorde de R$ 210. Com isso houve melhora nos tratos culturais e aumento da qualidade final do grão", disse.
A tendência de migração de cultura também foi observada em Paracatu, no Noroeste do Estado. De acordo com o extensionista da Emater-MG, Mauro Ianhez, na região o feijão é plantado o ano todo, o que é possibilitado pela irrigação. Com os preços da soja e do milho em alta, poderá haver na região migração para estas culturas.
O município de Paracatu é o segundo maior produtor de feijão do Estado. Na safra 2011/12 deverão ser colhidas 42,3 mil toneladas do grão em uma área plantada de 16 mil hectares. A produtividade média é de 2,64 mil toneladas.
"A definição de plantio deve ocorrer em final de setembro, mas com os preços e a demanda mundial aquecidos, as culturas do milho e da soja se tornam mais atrativas que o feijão", disse.
Em Lagoa Formosa, no Noroeste do Estado, também existe na possibilidade da adoção das culturas do milho e da soja frente a do feijão. De acordo com o extensionista da Emater-MG de Lagoa Formosa, Adalberto Gonçalves de Paula, a decisão de plantio na região ocorre em meados de outubro.
"Como os preços do feijão se mantiveram em alta ao longo de todo o ano, os produtores ficam mais cautelosos em apostar na cultura, já que existe a possibilidade de um incremento significativo da produção, o que provoca a retração dos preços. Neste cenário, o milho e a soja se tornam opções mais seguras, pois o excesso de produção pode ser exportado", observou.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra 2011/12 deverão ser produzidas em Minas Gerais 644 mil toneladas de feijão, alta de 10,6% frente ao volume colhido na safra passada. O incremento registrado no Estado não foi verificado nas demais regiões produtoras do país.
Desequilíbrio - Na média brasileira, a produção estimada é de 2,9 milhões de toneladas, queda de 22,1%. As condições climáticas desfavoráveis, principalmente no Sul do país, interferiram na produtividade do feijão, com isso a demanda ficou superior à oferta e os preços foram alavancados. A previsão para o próximo período produtivo ainda não foi divulgada.
De acordo com dados da Emater-MG, na Bolsinha de São Paulo, o mercado de feijão segue firme e os preços continuam em alta, variando entre R$ 155 e R$ 160 por saca de 60 quilos. A maior oferta na bolsa, no momento, vem dos estados de Minas Gerais e Goiás.
Em Minas Gerais o mercado segue estável e os preços variando entre R$ 120 e R$ 130 no Alto Paranaíba e R$ 140 a R$ 160, nas demais regiões produtoras do Estado. A tendência é de alta nos preços devido à demanda que deverá ser superior a oferta até o final do ano.
Veículo: Diário do Comércio - MG