Com segmento de beleza em alta, varejistas como Casas Bahia abrem espaço para perfumaria e cosméticos em suas lojas virtuais
O aumento do consumo de perfumaria e cosméticos no Brasil despertou a atenção de varejistas de fora do setor. A oferta de produtos ganhou espaço nas lojas virtuais de redes como Casas Bahia, Magazine Luiza e Ricardo Eletro, tradicionais no ramo de eletrodomésticos. Os perfumes mais vendidos são os importados, de marcas como Carolina Herrera, Polo e Ferrari, que estão entre as mais populares nos free shops de aeroportos.
O Magazine Luiza começou a oferecer o produto em maio do ano passado, em parceria com o site especializado Época Cosméticos. A mesma estratégia foi adotada pela Nova Pontocom, empresa que opera as lojas virtuais de Casas Bahia, Ponto Frio e Extra.com. As redes fecharam uma parceria com o portal ShopLuxo em 2010 para vender perfumaria e cosméticos. Assim, o cliente pode comprar de uma vez só uma geladeira e um perfume, mas a entrega é separada.
Neste ano, a Nova Pontocom reforçou a oferta de perfumaria. "Entramos neste mercado para aproveitar o tráfego de milhões de clientes que temos nos sites para vender novos produtos", disse o diretor de marketing da empresa, Vicente Rezende.
A chegada das grandes varejistas virtuais contribuiu para o aumento nas vendas da categoria. No ano passado, foram registrados 3,96 milhões de pedidos de produtos de saúde, beleza e medicamentos no varejo online brasileiro, expansão de 57% em relação a 2010, segundo dados da consultoria e-bit.
O aumento das vendas reflete um amadurecimento do consumidor brasileiro que compra pela internet, explica a diretora executiva do e-bit, Cris Rother. "Depois de comprar os produtos para a casa, como eletrodomésticos e eletrônicos, ele entra em novas categorias."
O segmento de perfumaria e cosméticos cresce, principalmente, pela maior presença feminina e de consumidores da classe C no e-commerce. Em 2011, cerca de 9 milhões de pessoas compraram pela primeira vez pela internet - 61% da classe C. "E a maioria é mulher", diz Cris.
Desafios. Apesar do crescimento, vender perfume na internet não é tarefa fácil. "É uma categoria difícil. O cliente quer experimentar o produto", disse a diretora do e-bit. É justamente pela impossibilidade de descrever as fragrâncias em palavras ou imagens que os produtos mais vendidos são de marcas conhecidas.
"Existe uma demanda por perfumes importados no Brasil. A oferta está crescendo e o cliente não precisará mais esperar um amigo viajar ao exterior para comprar o produto", disse Malte Horeyseck, cofundador do site Dafiti. O portal chegou ao mercado com venda de sapatos em novembro de 2010 e começou a vender perfumes em abril deste ano.
A estimativa da consultoria AT Kearney é que o mercado de beleza e cuidados pessoais brasileiro movimente US$ 46 bilhões neste ano, 7% mais do que em 2011. De 2005 a 2010, esse mercado cresceu em ritmo ainda mais acelerado, de cerca de 13% ao ano, segundo a consultoria. A categoria de perfumes foi a que mais cresceu: 15%. "Com o aumento da renda, a população começou a gastar em produtos não essenciais", disse Pietro Gandolfi, diretor da AT Kearney.
A maior parte das vendas ainda é feita em lojas especializadas ou em canais de venda direta. Só as marcas O Boticário e Natura representam mais de 60% do consumo brasileiro, segundo a consultoria Euromonitor. A participação do e-commerce no mercado de beleza e cuidados pessoais representava 1% das vendas em 2010, último dado disponível da AT Kearney.
Com exceção da rede Ricardo Eletro, que também oferece perfumes em lojas físicas, a maioria das varejistas de eletrodomésticos lançou a categoria apenas no seu site. "O custo para adicionar os perfumes ao portfólio no e-commerce é quase zero. Nas lojas físicas, eles tirariam espaço de outras categorias na prateleira, que são o forte dessas varejistas", disse Gandolfi.
Veículo: O Estado de S.Paulo