Com faturamento de US$ 10 bilhões, marca Uniqlo se torna a 4ª do mundo
Estratégia vital para a empresa é crescer mais na Ásia e nos EUA; loja da Quinta Avenida (NY)é sucesso entre turistas
Quando o homem mais rico do Japão, Tadashi Yanai, afirmou no ano passado que sua rede Uniqlo se tornaria a maior varejista de roupas do mundo até 2020, o setor levou muito a sério.
Em menos de uma década de internacionalização, a Uniqlo se tornou a quarta rede do mundo em faturamento, próximo a US$ 10 bi, abaixo apenas de H&M, Zara e Gap. Em 2006, o faturamento era de US$ 4 bi. Percentualmente, é a que mais cresce entre as quatro grandes.
Por causa do mercado saturado e estagnado no Japão, a estratégia vital para a empresa é crescer mais na Ásia e nos EUA e se ater às peças mais básicas do vestuário.
A maior loja da rede, que é a maior na Quinta Avenida de Nova York, tornou-se ponto de peregrinação para turistas brasileiros em compras.
Vice-presidente do conglomerado Fast Retailing, que controla a Uniqlo, Shin Odake, 49, explicou à Folha a estratégia da marca.
"Apesar de prestarmos atenção nas tendências, não as seguimos tanto quanto Zara ou H&M. O que nós buscamos é o básico perfeito. Queremos vestir da vovó à fashionista. Todo mundo quer um jeans, uma polo, uma camiseta perfeitas", explica.
Foi apostando no básico que a Uniqlo cresceu justamente nos anos 1990 e 2000, auge da estagnação econômica japonesa. "Compra-se o básico sempre, com ou sem crise", acrescenta.
No final de setembro, a Uniqlo Kids chega aos EUA Para garantir os preços, quase toda a produção é feita na China. Mas no que eles mais investem é nos materiais.
"Temos acordos com grandes fornecedores japoneses, cientistas, universidades. A cada dois anos, deixamos nosso poliéster mais fino ou tentamos descobrir um material melhor", conta.
A coleção que mais vende na rede é chamada de Heattech [tecnologia do calor]. São peças para se usar por baixo em dias de frio, que se parecem a pijamas que praticamente colam na pele -chamadas de térmicas.
Outra assinatura da marca é a variedade de cores, normalmente berrantes, de todas as peças. Há dezenas de cores para suas meias, cuecas e camisetas, de verde limão a azul turquesa, passando por rosa-choque e vários tons de roxo ou marrom.
"Como trabalhamos com peças de preço baixo, os consumidores podem experimentar e comprar cores para arriscar um pouco", conta.
POPULARES
Apesar das cores pouco convencionais, as peças da Uniqlo se popularizaram tanto no Japão por vários anos que elas se tornaram sinônimo de padronização e caretice. Para a expansão internacional, além das megalojas modernosas, a marca está investindo em diferenciais.
Em 2009, contratou a estilista minimalista alemã Jil Sander para desenhar peças exclusivas.
Já nas três lojas de Nova York, por exemplo, há uma série de camisetas estampadas com todos os cartazes dos filmes de David Lynch, um agrado aos fashionistas.
A discrição japonesa abraçou a cultura de celebridades e várias delas foram à abertura da megaloja na Quinta Avenida, das atrizes Susan Sarandon e Ludivine Sagnier à cantora Sharon Jones. Na semana passada, o tenista Novak Djokovic jogou tênis e deu autógrafos na loja.
"Somos internacionais e japoneses, e a imagem de capricho e serviço atencioso ligados ao Japão nos ajuda muito", diz Odake. O Brasil, segundo ele, ainda vai esperar pela expansão da marca.
Veículo: Folha de S.Paulo