Estratégia é alternativa para competir com estrangeiros, que direcionam produto para o Brasil com a crise na Europa
Com a demanda cada vez mais enfraquecida dos grandes consumidores de têxteis mundo afora — caso dos países da Europa e EUA —, as confecções asiáticas encontraram no Brasil uma alternativa para direcionamento de produto. Dessa forma, as indústrias brasileiras do segmento buscam alternativas para manter seu espaço enquanto esperam por respostas no plano macroeconômico (ver matéria abaixo). Uma delas é aumentar o lançamento de coleções, caso da marca de lingeries Darling, com sede na capital paulista. “No ano passado lançamos seis coleções. Em 2012, foram oito e mais vinte produtos avulsos. E o investimento nisso é alto, o custo subiu 20%”, disse Ronald Masijah, um dos donos da confecção e também presidente do Sindivestuário, entidade que representa confecções.
Para o empresário, é uma forma de gerar estímulo. “Mulheres compram muito por impulso e por isso estamos apostando em novidades constantes. O volume de importados cresceu bastante dentro das multimarcas, onde vendemos nossos produtos”, afirma.
Por causa do maior movimento estrangeiro, que chegam mais baratos às vitrines, a demanda e, consequentemente, a produção física das confecções brasileiras caiu 13% no primeiro semestre do ano, segundo dados do Sindivestuário. Por ora, Masijah diz que não está demitindo. “Mais de 50% dos meus funcionários já podem se aposentar e muitos fizeram essa opção em 2012”. No entanto, há outra movimentação que tem preocupado os fabricantes, diz ele: os varejos multimarcas estão postergando as encomendas para o fim de ano. Se esse movimento deveria ter começado em agosto, até agora não ocorreu. “Ou estão se abastecendo de produto importado ou os estoques estão em baixo nível”.
A empresa vende para multimarcas e emlojas Darling—nove delas próprias e quatro franqueadas. A disputa cada vez mais acirrada por espaço nas multimarcas levará a companhia a agilizar as apostas emlojas de sua marca. Dessa forma, mais duas unidades serão abertas até dezembro e para o próximo ano a ideia inicial é inaugurar uma dezena delas.
As estratégias para driblar o cenário, já velho conhecido, ocorrem num momento em que o setor acaba de levar ao governo um pedido de salvaguardas (quando um país utiliza um mecanismo de proteção contra importação de um ou mais produtos). A participação dos importados no mercado doméstico cresceu 175% entre 2007 e 2011, segundo o Sindivestuário. “É preciso que o governo desonere a cadeia produtiva. Não se trata de impedir importações, mas de tornar a indústria brasileira competitiva”, reforça.
Veículo: Brasil Econômico