Matéria-prima subiu 20% neste ano.
O pãozinho já começa a ficar mais caro para o consumidor mineiro. Segundo o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria no Estado de Minas Gerais, a principal razão é a valorização da farinha de trigo no mercado internacional, matéria-prima que corresponde a 30% dos gastos do setor e que sofreu alta de 20% nos preços no acumulado do ano até agosto, na comparação com idêntico período do exercício passado. Assim, para não ficar no prejuízo, as padarias repassam para o cliente reajustes que variam de 5% a 10%, em média.
Os fatores que justificam o aumento no preço da farinha de trigo são diversas. Entre eles, vale destacar a entressafra do trigo, que teve seu ápice em julho, aliado a uma previsão de queda da safra nacional, em decorrência da seca que atinge o Rio Grande do Sul. O Estado, ao lado do Paraná, é o principal produtor do país.
Além disso, como a demanda do país supera a produção interna, o Brasil importa cerca de 50% do trigo utilizado. Dessa maneira, a falta de chuvas, que também atinge os dois principais exportadores do produto, Argentina e Estados Unidos, reduz a produção também nestes países. Simultaneamente, a valorização do dólar e a demanda aquecida contribuem para encarecer ainda mais os embarques.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria no Estado de Minas Gerais, José Batista de Oliveira, o preço médio do pãozinho, agora, varia entre R$ 7,90 e R$ 11,90 o quilo. Ele destaca que, apesar do reajuste, há um esforço do setor no sentido de aumentar o consumo de pão e evitar o repasse integral da alta para os consumidores. Ele aponta, ainda, outras despesas responsáveis por elevar os custos dos estabelecimentos. "Além do encarecimento da farinha de trigo, os empresários sofrem com a alta do aluguel comercial, que segue ascendente, e com os altos custos com mão de obra", ressalta.
A padaria Boníssima, com duas unidades na região Centro-Sul da Capital, afirmou ter adiado o reajuste o quanto pôde. "Na tentativa de conseguir um preço melhor, negociamos com o fornecedor uma quantidade maior de farinha de trigo. Sem sucesso, pois o preço do produto não parou de crescer", revela a diretora da empresa, Natália de Souza Carneiro. Assim, a partir deste mês, os clientes vão arcar com um reajuste de 10% no preço do quilo do pãozinho, que passa a custar R$ 11,90. No entanto, ela adianta que não há outros aumentos previstos ainda para este ano.
Adiamento - Já a padaria Vianney, também na região Centro-Sul, revela que, apesar das dificuldades, ainda consegue adiar o repasse. O proprietário, Pedro Santiago de Moraes, observa que, em anos anteriores, a crise na entressafra foi menos grave. "Preciso esperar o preço estabilizar para só então estudar de quanto será o reajuste", explica o empresário, que não descarta a possibilidade de reajuste já em meados deste mês. Hoje, o quilo do pão na Vianney custa R$ 10,89.
Já a padaria Pão Fofo, na região Noroeste, informou que repassou o reajuste de 10% aos seus clientes há um mês. Com isso, o preço do quilo do pão, que era de R$ 8,80, passou para R$ 9,60. Apesar da valorização, o estabelecimento afirma que não registrou nenhuma reclamação por parte do consumidor e acrescenta que não prevê um novo reajuste ainda para este ano.
Veículo: Diário do Comércio - MG